Valor Econômico
O volume de reservas de petróleo e gás da Petrobras que ainda não estão em fase de produção (ou não desenvolvidas, no jargão do setor) equivale a 54,3% das reservas totais da companhia, que são de 11,77 bilhões de barris de óleo equivalente, segundo critério aceito pelas bolsas americanas. Essa relação é a maior do mundo, como destacou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli em entrevista ao Valor, e coloca a empresa em posição muito confortável, à frente de gigantes como a Shell (onde a proporção é de 53,1%), e a francesa Total (com 51,5%). Leo Pinheiro/Valor
Outro fator que traz conforto para a companhia é o fato de precisar captar apenas US$ 400 milhões até 2011, ou US$ 80 milhões por ano, para cumprir o plano de investir US$ 87,1 bilhões nos próximos cinco anos até 2011. Desses, US$ 86,7 bilhões virão de recursos gerados pelo próprio caixa da companhia, já deduzidos o pagamento de dividendos. Esse é todo o aumento de dívida programada pela estatal para o período, já contando com a rolagem de US$ 12,2 bilhões.
Na entrevista, Gabrielli ressaltou que apesar de envolver investimentos bilionários, o plano de negócios da estatal é facilmente financiável. O presidente da companhia explicou que, comparado ao de outras empresas, o investimento da Petrobras por barril de óleo adicional produzido é menor que o investimento previsto e anunciado por outras companhias como a Total, Exxon, Statoil, Sinopec, PetroChina, Marathon, Chevron e ConocoPhilips no período até 2008, o único disponível. Nesse ranking, a Petrobras está em décimo quinto lugar. "Não estamos com o maior investimento (entre as empresas do setor), porque a indústria está investindo mais", explicou.
Entre 2007 e 2011 a Petrobras vai investir pesadamente em exploração e produção, tanto no Brasil como no exterior. A companhia vai praticamente dobrar a atividade exploratória - o que significa buscar novas áreas para sustentar no longo prazo o crescimento da produção - e também antecipar o máximo possível a produção de óleo leve, que hoje precisa ser importado e responde entre 12% a 15% do total.
A companhia também planeja dar um salto na produção de gás natural e na recuperação de campos maduros, alguns deles no mar da bacia de Campos. O objetivo é reduzir a taxa de declínio da produção.
"Isso é importante porque usualmente os nossos analistas e alguns aligeirados que existem na praça não percebem que os campos de petróleo ficam velhos e que caem de produção. E se a Petrobras não fizer nenhum investimento novo vai ter uma perda de 1,114 milhão de barris/dia até 2011, quando hoje nossa produção é de 1,860 milhão por dia. Então, só para manter a atual produção, a capacidade produtiva terá que aumentar 1,1 milhão. Estamos aumentando até 2011 em 1,8 milhão barris, e isso significa que vamos crescer a produção em 690 mil", destacou.
A Petrobras também pretende ser líder no mercado de biocombustíveis. Ela entrará na próxima década produzindo 855 milhões de litros de biodiesel por ano - em três unidades que serão construídas no Ceará, Bahia e Minas Gerais - e processando 425 milhões de litros por ano de H-Bio, um óleo vegetal misturado ao diesel. Além disso, a meta da empresa é exportar cerca de 3,5 bilhões de litros de etanos. "Estamos realmente entrando no biodiesel", frisa Gabrielli.
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