Redação/Boletim SCA
A forte recuperação da demanda, especialmente na China, continuou a impulsionar os preços das commodities de energia e minerais nas últimas semanas. Temperaturas negativas no Texas amplificaram esse efeito no petróleo, que foi o destaque em fevereiro, com ganho de 18%. Para analistas e consultorias especializadas, o rali do óleo ainda não se esgotou e as cotações podem chegar a US$ 70 ou US$ 80 o barril até meados do ano.
O petróleo Brent encerrou a sexta-feira com queda de 1,12%, a US$ 66,13 o barril (contrato com vencimento em abril), reduzindo a 5,12% a valorização acumulada na semana. O WTI, por sua vez, recuou 3,2% no dia, para US$ 61,50 o barril, com alta de 3,8% na semana e de 17,8% no mês.
A onda de frio nos Estados Unidos derrubou a produção de óleo e gás no Texas, que se apresenta como maior produtor em território americano, e pode ter retirado até 4 milhões de barris por dia do mercado - não há consenso em torno desse volume e há quem fale em impacto de 1 milhão de barris.
Seja qual for o número exato, o clima adverso fez preço e o petróleo voltou aos níveis vistos antes da pandemia de covid-19. A força surpreendente da commodity levou consultorias e bancos de investimento a revisar projeções de curto prazo.
O Goldman Sachs elevou de US$ 65 para US$ 75 o preço do barril no verão no Hemisfério Norte, enquanto o Bank of America (BofA) elevou de US$ 50 para US$ 60 o barril de Brent em 2021, mas manteve o preço projetado para 2022 inalterado em US$ 55 o barril.
De acordo com o chefe de preços de petróleo e análise da indústria de refino na S&P Global Platts, Richard Joswick, a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), no dia 4, será "crítica e reveladora" - no encontro, será definida a produção de abril. "Se a Opep+ calcular mal e os aumentos de oferta desapontarem, poderemos ver o mercado ainda mais apertado e preços mais altos", disse, em nota.
Por outro lado, pondera o especialista, um forte aumento na produção poderia colocar pressão de baixa sobre os mercados. "Mas a probabilidade de preços mais firmes é maior do que a de preços mais baixos nos próximos meses".
O minério de ferro também encerrou o mês em alta, embalado pela demanda de aço na China. De acordo com a publicação especializada Fastmarkets MB, o preço do minério com teor de 62% de ferro subiu 0,9% no porto chinês de Qingdao na sextafeira, para US$ 175,78 por tonelada.
Com isso, a commodity fechou fevereiro com valorização de quase 11%. No ano, o ganho é de 9,5%. Na avaliação do analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, a força dos preços no fim do mês pode ser explicada pela produção de aço na volta do feriado prolongado do Ano Novo Lunar na China.
Em teleconferência de resultados na sexta-feira, disse o especialista, a Vale indicou que o nível de utilização de capacidade das siderúrgicas chinesas está ao redor de 92% e 93%, considerado "muito saudável". Ainda assim, o banco não avalia que o nível de preços atual não é sustentável.
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