Jornal do Brasil
Juros, câmbio e impostos põem em risco as metas de participação de indústrias brasileiras na construção de plataformas e navios.
A indústria nacional tem encontrado dificuldades para fornecer equipamentos com prazo e preços competitivos para grandes projetos na área offshore. Diante de obstáculos do país como juros altos, alta carga de impostos e câmbio sobrevalorizado, executivos como Marcelo Corrêa, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Ademi), advertem que será difícil cumprir as metas de conteúdo nacional dos novos empreendimentos offshore de grande porte. A probabilidade de isso ocorrer é grande, segundo esses executivos, com os 42 navios petroleiros em licitação pela Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras.
Apesar da expectativa da Keppel Fels Brasil de entregar em dia as plataformas P-51 e P-52, que estão em construção no estaleiro Brasfels de Angra dos Reis (RJ) antigo Verolme , a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e as entidades de classe do setor, como a própria Ademi, já começam a discutir formas de tentar minimizar os efeitos perversos do trinômio juros, impostos e câmbio.
A idéia é conseguir viabilizar as metas não só dos próximos projetos de plataformas (P-53, P-54, P-55 e P-56), mas também dos petroleiros da Transpetro. Previstas para serem entregues respectivamente em outubro de 2006 e agosto de 2007, a P-52 e a P-51 são consideradas a prova de fogo, do ponto de vista tecnológico, para a indústria nacional. Elas serão as duas primeiras unidades construídas sob as novas exigências de conteúdo mínimo nacional, adotadas no início do governo Lula. A subsidiária brasileira da Keppel Fels, de Cingapura, terá que entregar as duas unidades com uma média de 60% de equipamentos nacionais.
Segundo o assessor da presidência da Keppel, Carlos Filipe Rizzo, tudo indica que os empreendimentos serão entregues dentro do prazo e das especificações. O problema, segundo executivos do setor, será conseguir atingir as metas em três novos empreendimentos offshore destinados à Petrobras: as plataformas do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading) previstas para os projetos de Golfinho 2, na Bacia do Espírito Santo, e Plano Diretor de Escoamento e Tratamento de Óleo (PDET), na Bacia de Campos, e a unidade de armazenamento de óleo do tipo FSO para o campo de Espadarte, também na Bacia de Campos.
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