O gesso fabricado no Nordeste, o arroz produzido no Sul. Ambos são exemplos de produtos com origens em diferentes e distantes regiões do país e que chegam mercado consumidor por meio do transporte rodoviário, modal que responde pela movimentação de 71% das cargas que circulam pelo país.
O quadro, no entanto, tende a ser outro. Em um futuro próximo as rodovias e os caminhões podem ser trocados pelo mar e pelos navios, mudando a atual configuração do transporte de cargas no país. O Porto de Vitória é um dos 21 portos brasileiros que estudam a implantação do programa de cabotagem.
Cabotagem é a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. Hoje, a partir das 9h, no auditório da Federação das Indústrias (Findes), em Vitória, o Projeto de Incentivo à Cabotagem (PIC) volta a ser discutido com representantes dos diferentes segmentos que atuam na movimentação de cargas no Estado e no país.
"A cabotagem é importante para a atividade econômica do Espírito Santo e uma oportunidade para escoar as mercadorias com um custo menor", destaca o coordenador de Gestão de Informação da Secretaria de Portos, Luiz Hamilton Mendonça. Ontem, pela manhã, ele apresentou o PIC a representantes da indústria.
No país, 71% das cargas são transportadas pelo modal rodoviário, 19% pelas ferrovias e apenas 10% pelo modal hidroviário (mar e hidrovias interiores). E, segundo Mendonça, o transporte de cargas rodoviário acarreta em custos de três tipos: social, ambiental e financeiro. Ele disse não ter estudos para comprovar, mas as informações que tem ouvido dão conta de que a cabotagem pode reduzir em até 20% o custo do transporte de cargas.
A implantação desse tipo de transporte, entretanto, não é um processo fácil. Para começar é preciso considerar, para ciclo de negócios, a garantia de carga para a ida e a volta do navio, com integração entre as comunidades do porto de origem e do porto de destino.
Uma das propostas em discussão é levar para o Sul, com saída pelo Porto de Cabedelo, na Paraíba, o gesso produzido no Nordeste. E na volta, levar o arroz produzido em Pelotas, no Rio Grande do Sul, para o mercado consumidor do Nordeste.
Segundo o superintendente da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), José Luiz Canejo, foi formada uma comissão para identificar as cargas que podem ser transportadas por cabotagem. Rochas ornamentais, confecções, produtos siderúrgicos, máquinas e equipamentos, calcário, manganês, betonita, gesso e arroz são algumas das cargas que poderiam sair do Estado, ou chegar, por navios.