A produção e geração de eletricidade deixou de ser prioritária para a Galp, sendo que a petrolífera portuguesa cortou investimentos na área. A nova estratégia adotada foi partilhar centrais de ciclo combinado e abdicado de liderar o consórcio que tinha estabelecido para usinas eólicas.
Agência LusaA produção e geração de eletricidade deixou de ser prioritária para a Galp, sendo que a petrolífera portuguesa cortou investimentos na área. A nova estratégia adotada foi partilhar centrais de ciclo combinado e abdicado de liderar o consórcio que tinha estabelecido para usinas eólicas.
Em maio, quando a Galp anunciou ao mercado o seu novo plano de investimentos até 2013, duas opções foram destacadas: o investimento em exploração e produção de petróleo mantinha-se inalterado nos 1,9 bilhão de euros e o investimento em Gás e Eletricidade (GP) passava de 1,1 bilhão de euros para 400 milhões.
Ou seja, do corte global de 900 milhões de euros, 700 milhões dizem respeito ao setor de gás e eletricidade. "A Galp não tem dinheiro para fazer tudo ao mesmo tempo - ir para o Brasil e desenvolver os projetos que tinha anteriormente. Ou aumentavam o capital ou faziam a reprogramação dos projetos na área do GP", disse à Agência Lusa um analista de mercado.
"O novo plano marca o momento em que a Galp passa de uma estratégia multienergia para se centrar no seu principal negócio, o petróleo", frisou.
Outro especialista sintetizou a leitura que o mercado faz: “A magnitude das descobertas no Brasil levou a empresa a adiar os projetos [no gás e eletricidade]. Veremos se não vão mesmo abandonar alguns".
Energia limpa
Pelo lado da geração hidrelétrica, a Galp - que tinha declarado interesse em entrar em todos os concursos para novas barragens -, acabou não apresentando propostas em nenhum dos dez concursos do novo Plano Nacional. A empresa só "adquiriu peças do concurso" (uma fase preliminar) numa delas: Foz-Tua (ganha pela EDP).
Já na área de energia eólica, a companhia abdicou da liderança do consórcio Ventinvest, em favor da Martifer, uma empresa que também atua no ramo de energia renovável.
E no ciclo combinado, a Galp vai admitir um parceiro (que poderá ser a espanhola Endesa) na central de Sines, na região central do país.
Estes fatos levam outro analista de mercado a considerar que a eletricidade vem agora “em terceiro lugar na lista de prioridades” da Galp. "A primeira prioridade é o desenvolvimento da exploração do Brasil; a segunda é completar o aumento de capacidade da refinaria de Sines; e, em terceiro, vem o Gás e Eletricidade".
Numa apresentação recente em Madri, o presidente da empresa foi questionado sobre o eventual investimento em termoelétricas na Espanha. A resposta de Ferreira de Oliveira foi esclarecedora: "Os investimentos em eletricidade [em Espanha] são importantes, mas não urgentes. A Galp está no negócio do gás-eletricidade e não no da eletricidade-gás. A ordem das palavras é importante".
A Galp, no entanto, diz que "mantém o firme propósito de oferecer aos seus clientes - industriais ou domésticos - todas as fontes de energia de que necessitam no seu dia-a-dia, incluindo, naturalmente, a eletricidade".
Já sobre os ativos de produção, a empresa afirma que ”não comenta processos em curso”, afirmando apenas que "tanto o projeto eólico, como o projeto de ciclo combinado decorrem de acordo com os planos divulgados ao mercado".
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