A Chevron, gigante petrolífera norte-americana, foi nomeada a empresa de energia "mais poluidora" de 2011 pela revista online AlterNet, que acompanha de perto as questões ambientais. A notícia surge na mesma semana em que a companhia assumiu a responsabilidade pelo vazamento na Bacia de Campos (RJ).
Este ano, a Chevron perdeu a maior ação ambiental da história pela contaminação intencional do que já foi uma floresta tropical virgem na Amazônia do Equador. O evento dizimou grupos indígenas e criou um surto que câncer que matou ou ameaça matar milhares de pessoas, de acordo com as evidências apresentadas a um tribunal do país que recentemente ordenou que a empresa pagasse US$ 18 bilhões pelos danos. A Chevron operou no Equador de 1964 a 1992 sob a marca Texaco.
A AlterNet divulgou que a Chevron superou a ExxonMobile e a BP, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. A Koch Industries e a Massey Energy ficaram classificadas em quarto e quinto lugares.
No relatório chamado "As 5 empresa mais poluidoras e como elas controlam nossa política", a AlterNet citou a má-conduta da Chevron, no Equador, como o motivo primário de ela ter ganhado o prêmio. "O pior legado da Chevron pode ser no Equador, onde a Texaco (agora parte da Chevron) passou 30 anos dizimando a Amazônia e sua floresta tropical ecologicamente rica, além de muitas comunidades indígenas por lá", diz o texto.
As vítimas no Equador se referem à catástrofe da Chevron como o "Chernobil da Amazônia" e especialistas acreditam que os danos superam aqueles causados pelo recente vazamento de petróleo da BP no Golfo do México. Diferente do vazamento da BP, que foi um acidente, a Chevron projetou seu sistema de extração de petróleo no Equador a fim de poluir de modo a reduzir os custos de produção.
A AlterNet também concluiu que a Chevron pagou US$ 85 milhões a lobistas de Washington desde 1998 para encobrir seus delitos. Ela escreveu: "(A Chevron) … movimentou uma quantia enorme de dinheiro em Washington e suas práticas de negócios resultaram em uma incrível perda de vida. Muito disso aconteceu fora do país, portanto, muitos nos EUA podem ter ficado sem conhecimento dos abusos grotescos da Chevron".
O prêmio de "mais poluidora" da Chevron vem logo após um vazamento de petróleo em 7 de novembro pela empresa no Brasil, que espalhou algo estimado em 110.000 galões (mais de 415.000 litros) de petróleo cru no Oceano Atlântico. Autoridades brasileiras e ambientalistas ficaram indignados após o porta-voz local da Chevron tentar ludibriá-los quanto à origem do vazamento, subestimar o número de barris lançados no oceano e ter dito às agências regulatórias que os danos estavam contidos quando, de fato, não estavam.
No Equador, a Chevron declarou Guerra aberta ao governo do país ao processá-lo em vários tribunais numa tentativa desesperada de transferir a responsabilidade de US$ 18 bilhões para a Petroecuador, a estatal petrolífera.
A sentença no Equador, emitida após oito anos de julgamento, também determinou que a Chevron deixou para trás mais de 900 aterros de resíduos encravados no solo da floresta que até hoje contaminam lençóis freáticos e liberam sedimentos de petróleo em rios e riachos da região.
O relatório da AlterNet levou em consideração diversos fatores ao chegar às suas conclusões. Entre eles, estão a perda de vida, o grau de destruição ambiental, e o uso de falsa publicidade para encobrir má-conduta.
A Chevron tem sido amplamente ridicularizada por sua campanha publicitária "We Agree" (Nós Concordamos), e gasta muito mais dinheiro a cada ano comprando publicidade do que já gastou limpando seu legado tóxico no Equador, declarou Karen Hinton, porta-voz dos EUA para os equatorianos.
"Está ficando cada vez mais claro que a Chevron, e seu CEO atual, John Watson, se tornou a empresa de energia mais nociva e fomentou uma cultura interna de impunidade ao se tratar de abusos", informou Hinton. Ela afirmou que uma parte significativa dos fundos de lobby da Chevron foram usados para tentar convencer o governo dos EUA a cortar preferências comerciais em retaliação por permitir que seus cidadãos entrem com ações legais contra a empresa. O corte de preferências comerciais teria custado ao Equador aproximadamente 300.000 empregos.