As primeiras barcaças fluviais da Transpetro para o transporte de etanol na hidrovia Tietê-Paraná começam a ganhar forma. Em agosto, o Estaleiro Rio Tietê, de Araçatuba (SP), vai cortar o aço que será usado na montagem do primeiro comboio hidroviário da Transpetro, formado por quatro balsas e um empurrador.
A previsão é que esse conjunto seja entregue para operação no primeiro trimestre de 2013, disse Sérgio Machado, presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras. No total, a empresa encomendou 20 comboios hidroviários ao Rio Tietê, cujos sócios são o Estaleiro Rio Maguari e a Estre Petróleo e Gás, cada um com 50%. Os comboios formam um sistema integrado por 20 empurradores e 80 balsas para armazenar e transportar o etanol.
Todo esse pacote vai exigir investimentos de R$ 432,3 milhões, dos quais 85% ou R$ 371,3 milhões financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) via Caixa Econômica Federal. Essa foi a primeira operação fechada pela Caixa como agente financeiro do fundo. Cada comboio terá capacidade de transportar 7,6 milhões de litros e, quando o sistema estiver totalmente operacional, a partir de 2015, o volume de álcool transportado pela hidrovia deverá chegar a 4 bilhões de litros por ano.
A Transpetro informou que os contratos de transporte estão sendo negociados, mas não citou nomes de clientes. Entre os potenciais usuários do sistema, estão produtores de álcool e distribuidores de combustíveis. O projeto também permitirá que as embarcações transportem derivados de petróleo, o que tende a melhorar a logística de abastecimento do Centro-Oeste.
Fábio Vasconcellos, diretor do Estaleiro Rio Tietê, disse que 90% das obras da unidade estão prontas. O estaleiro foi construído com recursos próprios dos acionistas. Mas o Rio Maguari já entrou com um pedido de financiamento de R$ 22,5 milhões no FMM, montante equivalente a 75% do investimento total no projeto, de R$ 30 milhões. As barcaças e os empurradores encomendados ao Rio Tietê integram o chamado Promef Hidrovia, versão do Programa de Expansão e Renovação da Frota (Promef) que a empresa lançou para a construção de navios dedicados ao transporte marítimo de petróleo e derivados.
O Promef Hidrovia faz parte do sistema integrado de transporte de etanol, que inclui a construção de um etanolduto, com centros coletores espalhados por estados produtores como Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul. Na hidrovia Tietê-Paraná, o etanol seguirá em barcaças até o novo Terminal de Anhembi (SP). Dali o combustível será bombeado por duto até a refinaria de Paulínia de onde sairá para abastecer os mercados interno e externo. Os terminais marítimos da Transpetro no Rio e em São Paulo vão responder pela exportação.
A encomenda feita pela Transpetro deve dobrar o número de barcaças em operação na hidrovia Tietê-Paraná, mas no início deste ano a Logum Logística, empresa com participação da Petrobras, indicou que seriam necessárias melhorias na infraestrutura da hidrovia para tornar a operação mais competitiva. Cada comboio tem capacidade de carga equivalente a 172 carretas ou 86 vagões ferroviários.