Especialista avalia que uma delas é a incorporação dos chamados combustíveis drop-in, além do avanço do Gás Natural Liquefeito GNL.
Redação TN Petróleo/AssessoriaA Organização Marítima Internacional (IMO) fixou como meta o alcance de emissões líquidas zero de carbono no setor por volta de 2050. Para Filipe Santana, engenheiro naval da Transpetro que atua como líder de Engenharia, Meio Ambiente e Transição Energética no Oil Companies International Marine Forum (OCIMF), já há uma perspectiva de que mudanças significativas ocorram bem antes, até 2030.
"A primeira mudança esperada é relacionada à incorporação dos chamados combustíveis drop-in, com características químicas muito parecidas com os fósseis, mas que não são. São combustíveis sintéticos ou biocombustíveis. Então, por exemplo, em vez de você usar 100% de um combustível de hidrocarboneto, você mistura com 20% de biodiesel. Assim, você tem 20% de combustível renovado e você reduz a sua pegada de carbono", explica.
Esse cenário de transição, segundo o engenheiro, inclui ainda, o Gás Natural Liquefeito (GNL), que, embora seja de origem fóssil, possui uma pegada de carbono bem menor que o bunker. A introdução desses novos combustíveis como soluções de mais curto prazo exigirá mudanças pelos terminais portuários privados, que atuam tanto no recebimento e envio de cargas nos navios como, em alguns casos, em operações de abastecimento de combustíveis. O engenheiro destaca que o prazo pode parecer distante, mas envolve decisões empresariais e de investidores que precisam ser tomadas com anos de antecedência.
Filipe será um dos painelistas do 11º Encontro da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), neste mês, cujo tema será "Transição Energética no Transporte Marítimo – Ameaças e oportunidades para os Terminais Portuários Brasileiros". Seu painel abordará a segurança no manuseio de novos combustíveis, como, por exemplo, amônia e hidrogênio. O especialista conta que a participação, hoje, desses combustíveis de baixo ou zero carbono no setor marítimo é bem limitada, menor que 1% do total de combustíveis consumidos por navios no mundo. Enquanto não se vê um significativo avanço desses produtos, os terminais portuários vêm se estruturando para se adaptarem às soluções de curto prazo. Esse processo de adaptação, no entanto, exige preparação em relação à gestão de risco.
"Não quer dizer que, por ser um combustível drop-in, não haja uma mudança no perfil de risco. É menor, mas existe. 2050 está longe, mas 2030 está perto. Só em planos de treinamento, são necessários cerca de dois anos. E ainda tem a parte de infraestrutura de equipamentos. Tudo isso demanda tempo para precificar, projetar, comprar, instalar. É disso também que vou falar no meu painel", disse Santana.
Serviço
11º Encontro ATP - Transição Energética no Transporte Marítimo – Ameaças e oportunidades para os Terminais Portuários Brasileiros
Data: 24 de dezembro, a partir das 14h
Local: Clube Naval de Brasília
Formato: Híbrido (online, transmitido pelo canal da ATP no YouTube, e presencial)
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