Joyce Souza, A Tarde da Bahia
Diante do impasse em relação ao Estaleiro Enseada do Paraguaçu, setores econômicos da região de Maragogipe, no recôncavo baiano, buscam agora a reativação do Estaleiro São Roque, na mesma região, para a montagem de módulos de compressão para navios, entre outros equipamentos.
A ideia é alertar o governo estadual no sentido de buscar junto à Petrobras reativar a antiga unidade baiana, resgatando o modelo de produção em que a estatal disponibiliza o canteiro de São Roque para as empresas vencedoras das licitações.
"Com obras em São Roque, sempre houve entre 1.500 e 3 mil empregos diretos, numa cadeia que gera 6 a 7 postos indiretos de trabalho para cada emprego direto", lembra o empresário Adhemar Novaes, que assistiu à inversão da atividade econômica em Maragogipe, desde que o projeto da Enseada Indústria Naval (EIN) - que administra o Estaleiro Enseada do Paraguaçu - foi desativado, com a demissão de mais de 4 mil trabalhadores. Até então confiante no boom econômico previsto, ele apostou na abertura de três pousadas e hoje todas estão fechadas.
Para Novaes, a alternativa para reduzir os impactos negativos na região passa pela inclusão, pela Petrobras, do São Roque nos projetos para a construção de módulos e equipamentos que serão instalados em navios que agora serão alugados (afretamento) pela estatal, em licitações internacionais.
Os empresários da região lutam contra o tempo, buscando apoio junto aos governos estadual e federal, já visando as concorrências para a construção de módulos para os campos de Libra e Sépia (pré-sal) - ambas adiadas para fevereiro de 2016.
A luz no fim do túnel para o antigo estaleiro baiano é justamente a medida prevista em lei de que se tenha um mínimo de conteúdo nacional (50%) nos navios, levando as empresas vencedoras a contratar a construção de módulos e outras partes do navio no Brasil.
Afretamento
"É uma solução que certamente permitirá a oferta de um menor preço de construção e afretamento de navios para a Petrobras, atendendo perfeitamente às exigências da Lei de Licitações (Lei 8.666/93) e aos interesses nacionais", frisa o empresário, considerando um líder entre os pequenos investidores da região.
O pleito tem como base os estudos técnicos do engenheiro Eduardo Aragon, especialista no assunto e um dos defensores da reativação do Estaleiro São Roque, "único canteiro náutico da Petrobras no país, que tem outros do tipo, mas todos privados", como frisa.
"Com as enormes dificuldades atuais, onde as empresas que possuem canteiros encontram-se impedidas de serem contratadas pela Petrobras, além do complicado ambiente de investigações da Lava-Jato em curso, seria por demais oportuno o retorno ao modelo de sucesso praticado no passado, com benefícios indiscutíveis ao programa de conteúdo local do governo federal e enormes ganhos para a Bahia", argumenta Aragon.
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