Ao aumentar a resolução espacial de imagens sísmicas, o método introduz mais confiabilidade sobre o poder de decisão em áreas a serem exploradas.
Redação TN Petróleo/AssessoriaA equipe do High-Performance Geophysics Laboratory (HPG Lab) aliou conhecimentos de geofísica com os de computação de alto desempenho para chegar na metodologia que já vem sendo usada em campo, em condições de produção, pelos técnicos da Petrobras.
Aplicação prática – O caminho para a produção de petróleo é longo e envolve várias etapas. A partir de informações geológicas iniciais se define, primeiro, os chamados blocos exploratórios. O segundo passo envolve o estudo mais aprofundado das bacias. Para depois se chegar na etapa das perfurações – a descoberta propriamente dita de petróleo. A área ainda deve ser avaliada do ponto de vista comercial e, apenas depois disso, se começa a produção, caso a região realmente reúna viabilidade tanto técnica quanto logística.
No caso da tecnologia desenvolvida pelos cientistas do CEPETRO/Unicamp ela se abastece dos dados sísmicos que são gerados em uma das fases dos estudos mais robustos das áreas classificadas como tendo potencial para produzir petróleo. Normalmente, são obtidos tanto os dados geofísicos dos blocos exploratórios, que mostram a estrutura e a composição das rochas em camadas profundas, obtidos por métodos de observação indireta, como a análise sísmica, quanto os dados geológicos. Esse segundo conjunto de informações são aferidos por meio da observação direta de rochas na superfície ou de amostras retiradas de poços perfurados.
Uma análise sísmica, de forma resumida, é o processo de transformação de dados sísmicos contendo sinais com as respostas de reflexões e de difrações. São imagens capazes de delinear as estruturas geológicas do subsolo para posteriormente serem determinadas as propriedades geológicas das rochas ou de um potencial reservatório.
No caso do Pré-Sal, o levantamento sísmico de uma área pré-definida requer um navio com equipamentos destinados a essa abordagem. Ao contrário dos terremotos, que geram ondas sísmicas a partir do interior da crosta terrestre, a ideia aqui é diferente. O navio conta com uma espécie de canhão de ar que gera ondas mecânicas controladas. A partir dos diferentes sinais captados como resposta – após a propagação das ondas sísmicas, elas sofrem reflexão, refração e ainda se dispersam no meio – consegue-se obter resultados bastante próximos, de forma indireta, sobre o subsolo.
"O nosso método consegue atenuar sinais proveniente das reflexões para que as difrações possam ser melhor analisadas. Com isso, o geólogo que estiver estudando a região terá uma visão mais abrangente do que realmente existe no subsolo. Os processamentos convencionais são focados nos sinais associados a reflexões e, com isso, detalhes muito pequenos das rochas acabam não refletindo e, portanto, não surgem na análise. Mas com o nosso método essa situação muda", afirma Jorge Henrique Faccipieri Jr., coordenador do HPG Lab.
O que os cientistas do CEPETRO transformaram em uma inovação tecnológica vai ajudar a afinar a busca por petróleo no interior das camadas de Pré-Sal e, também, a melhorar os próprios processos de produção. Na prática, é como se as ondas mecânicas difratadas (ou espalhadas) e refletidas fossem usadas, em separado, para redesenhar o que existe no subsolo. A parte matemática e computacional do processo tecnológico também permite que imagens em 5D das áreas analisadas sejam geradas. "Com essas informações os geólogos vão ter como escolher melhor por onde a exploração de petróleo tende a seguir", afirma Faccipieri Jr.
A patente da tecnologia está registrada pelo CEPETRO e pela Petrobras, que financiou o projeto, em partes iguais. O contrato permite o compartilhamento da propriedade intelectual para terceiros.
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