Bacia de Campos
Valor Econômico
Na sede brasileira da StatoilHydro, empresa controlada pelo governo da Noruega, os preparativos para começar a produzir petróleo no Brasil estão a todo vapor. Isso acontecerá em 2010 ou 2011 quando o campo de Peregrino, na bacia de Campos, entrar em operação. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já autorizou a transferência à empresa norueguesa da operação do campo, que pertencia Anadarko, então sócia StatoilHydro.
Jorge Camargo, responsável pela StatoilHydro no Brasil e ex-diretor da área internacional da Petrobras, explica que o objetivo é atingir o pico de produção, de 100 mil barris por dia no primeiro ano após o início da operação em Peregrino. Esse será o primeiro óleo de um campo operado pela norueguesa no Brasil, onde ela tem projetos de parcerias com empresas como a Petrobras e a Repsol.
Antes disso, a empresa vai perfurar em 2009 um poço adicional na parte sul-sudoeste da concessão para confirmar uma continuidade do reservatório. “Acreditamos que Peregrino tem potencial de crescimento e já temos o prospecto e a licença ambiental”, afirmou Camargo. “Estamos procurando uma sonda para alugar. O mercado continua aquecido.”
Outra grande expectativa da empresa é com os resultados da perfuração que está acontecendo no bloco BM-J-3 da Bacia de Jequitinhonha, na costa da Bahia, em águas profundas de 2.300 metros. Trata-se de uma área considerada “de fronteira” por ser pouco conhecida por geólogos, dada a falta de dados. A Petrobras, sócia e operadora da área com 60%, anunciou uma descoberta acima da camada de sal no BM-J-3 na semana passada. Foi a primeira descoberta nessa área da bacia, mas os sócios não informam volumes e nem o tipo de óleo encontrado.
A sonda continua perfurando a área até atingir a camada pré-sal e os resultados devem ser divulgados em janeiro. Além da sonda para o novo poço em Peregrino, está nos planos da Statoil para o ano que vem a perfuração do bloco BM-C-33 (na bacia de Campos e que tem a Repsol como operadora). Em 2010, será a vez de um dos dois blocos operados pela norueguesa na bacia de Camamu (BA).
Camargo explicou que os projetos no Brasil são robustos mesmo com o petróleo sendo negociado abaixo de US$ 50. “O cenário de investimentos mudou radicalmente e a indústria de petróleo foi, será ou está sendo afetada porque o preço do petróleo muda radicalmente a capacidade de financiamento e de geração de caixa”, disse. “A crise vai encontrar projetos que são robustos mesmo com o petróleo baixo e companhias que estão com seu balanço forte e bons projetos são as melhores equipadas para enfrentá-la. No nosso caso, Peregrino é um projeto robusto a preço do petróleo baixo e a StatoilHydro tem um sólido balanço.”
O executivo admite que toda a indústria está analisando o cenário de crise que aponta para redução do consumo de combustíveis nas maiores economias do mundo como os Estados Unidos e os países da União Européia, mas Camargo enfatiza que não há mudanças de planos com relação ao Brasil.
Quanto ao preço do petróleo, que atingiu seu nível mais baixo em três anos, diz que o ideal é que se estabilize em um patamar racional. E qual seria esse patamar? Ele diz que é difícil precisar. “Mas me parece que US$ 9,90 e US$ 200 o barril, como se dizia que poderia chegar este ano, não são níveis racionais.”
A StatoilHydro fez ofertas por três blocos na faixa do pré-sal da bacia de Santos na 8ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizada em 2006 e que foi suspensa. Agora, a empresa aguarda decisão do governo, prometida para o fim do ano. “Nossa expectativa é que os blocos sejam concedidos a quem ganhou, a quem fez a maior oferta”, defende Camargo.
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