Valor Econômico
A chegada do gás natural para as termelétricas de Manaus vai mudar a matriz energética do Amazonas, que apesar de ser banhado pela maior bacia hidrográfica do mundo, hoje tem o suprimento de energia garantido em sua maior parte por óleo combustível altamente poluente e óleo diesel. Juntas, essas usinas têm potência para gerar 1.500 MW.
A conversão dessas térmicas para gás, abandonando o óleo, também vai ajudar a reduzir a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), subsídio pago por todos os clientes das concessionárias elétricas do país usado na compra do óleo usado para gerar energia no Norte. Para este ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou valor provisório de R$ 837 milhões para a CCC, só no primeiro trimestre. Nas contas da Petrobras, a economia é de US$ 1 milhão por dia.
Quem ganha também é o meio ambiente. A substituição do óleo pelo gás, segundo a estatal, vai permitir que, anualmente, 1,2 milhão de toneladas de gás carbônico deixem de ser liberadas na atmosfera. O benefício ambiental é grande, pois parte do gás de Urucu que não era reinjetado nos poços vinha sendo queimado na atmosfera no processo de produção de petróleo.
O presidente da Eletrobrás, empresa que faz a conversão das térmicas, José Antonio Muniz Lopes, afirmou que está correndo contra o tempo para concluir a tarefa nas sete térmicas até 30 de setembro. A partir dessa data a Petrobras não vai mais fornecer óleo combustível para termelétricas da região. "No momento, a carga de Manaus está muito alta e não podemos tirar as máquinas para fazer a conversão, que é um processo lento. Temos um compromisso com o presidente Lula de concluir até setembro", disse.
Em Manaus serão quatro termelétricas da Amazonas Energia, subsidiária da Eletrobrás - Aparecida, Mauá (ambas com atendidas por ramais do gasoduto), Cidade Nova e São José. A lista inclui Electron, da Eletronorte. Juntas, as cinco têm capacidade de gerar 1.078 MW. Outras cinco usinas de produtores independentes acrescentam outros 422,8 MW.
A conversão das usinas anima produtores de equipamentos. A GE informou que assinou contrato com a Breitener Energética, produtora independente, para instalar 46 geradores a gás de baixa emissão, que vão gerar 120 MW. A Wärtsilä também informa que negocia turbinas para as térmicas Rio Amazonas, Manauara e Gera.
Caberá à Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) distribuir todo o gás oriundo de Urucu e, no futuro, de Juruá. Flávio Decat, diretor de distribuição da Eletrobrás, disse que a estatal também vai instalar pequenas máquinas geradoras nas cidades atendidas por ramais do gasoduto, permitindo o início da eletrificação rural na Amazônia. "É uma série de máquinas a cabo que chamamos de 'jabuticabas' ao longo do gasoduto". A Petrobras construiu ramais em Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba, cidades que juntas têm 265 mil habitantes.
Em seis das sete cidades onde o projeto já está fechado (a exceção é Iranduba) serão gerados 68 MW por esse tipo de máquinas, cuja a menor tem potência de 1,7 MW.
A atual capacidade do gasoduto permite transportar 4,5 milhões de metros cúbicos de gás ao dia. Até julho, com mais duas estações de compressão, ela sobe para 5,5 milhões de metros cúbicos. Esse volume é o que está previsto no contrato de suprimento firmado com a Cigás, por 20 anos.
O restante do gás continuará a ser reinjetado nos campos de Urucu até que o mercado cresça. As térmicas vão ficar com quase 90% desse volume; o restante irá para o polo industrial da Zona Franca de Manaus e outros consumidores. A Reman, refinaria de óleo da Petrobras em Manaus, já está consumindo 250 mil metros cúbicos de gás ao dia em suas caldeiras e fornos.
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