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50 anos do 1º choque do petróleo, por Luiz Carlos Corrêa Carvalho

Redação TN Petróleo/Corteva Agriscience
26/04/2023 13:04
50 anos do 1º choque do petróleo, por Luiz Carlos Corrêa Carvalho Imagem: Divulgação Visualizações: 1243 (0) (0) (0) (0)

Era o início da década de 1980, onde o Brasil realizava seu "milagre econômico". Unidos, os produtores de petróleo reduziram a produção, e os preços do petróleo foram de US $2,90/barril para US $11,65/barril em 3 meses. Iniciou-se a saga da OPEP, hoje OPEP+ (inclui a Rússia), com o embargo (nações aliadas de Israel -- Guerra do Yom Kippur) e, em seguida a revolução iraniana, a Guerra Irã-Iraque. O Oriente Médio era o desequilíbrio maior, o foco da geopolítica, e enormes estragos foram causados! No Brasil, a dependência era total daqueles caras que cunharam a frase "a idade das pedras não acabou por falta de pedras e a do petróleo não acabará por falta de petróleo".

Sofrendo as ameaças do impacto enorme do petróleo, sob a esteira das oportunidades, a economia brasileira e o governo brasileiro (militar) de então lançaram, com o suporte do setor canavieiro nacional, o Proálcool. O etanol seria o substituto natural da gasolina, e as cadeias produtivas da cana e dos automóveis abraçaram essa revolução brasileira, pois não havia exemplo no mundo fora do Brasil.

O crescimento da oferta de etanol, sob fortes investimentos setoriais, foi incrível (acima de 11% ao ano num período de 30 anos); os veículos chamados de carros a álcool (E100), um sucesso retumbante (vendas de 90% ao mês).

O segredo? Ganhos de produtividade excepcionais em toda a cadeia produtiva, produzindo muito, bem e com forte queda nos custos de produção.

A onda de investimentos foi suportada por uma indústria moderna de insumos, máquinas e implementos, essenciais aos ganhos de produtividade do produtor canavieiro e de etanol.

Dando um salto no tempo, com crises e crises, o carro a álcool deu lugar ao carro flexível, para dar maior confiança ao consumidor; entre 1975 e 1976, o Brasil moía 68 milhões de toneladas de cana e, entre 2022 e 2023, já moeu 595 milhões de toneladas! Fazia 5,9 milhões de toneladas de açúcar e 556 milhões de litros de etanol; hoje, são 30,4 bilhões de litros de etanol (com 4 bilhões de litros do milho) e 36,3 milhões de toneladas de açúcar.

O nome do jogo canavieiro é Produtividade + Longevidade + Baixas Emissões de CO2, e o Brasil vem ganhando as copas do mundo nesse quesito. Também fundamental é a evolução do plantio da cana, da sua colheita "verde", dos processos industriais eficientes, da ação nos mercados da cana-de-açúcar e do milho, nos subprodutos como o bagaço para a bioeletricidade e o gás natural, e do biometano produzido a partir da vinhaça mais torta de filtro mais palhas.

Os avanços tecnológicos são arrebatadores e estão com uma enorme avenida à frente. Os produtos são voltados ao mercado externo -- açúcar (maior proporção) e etanol, e ao mercado doméstico, para a frota leve de mais de 80% de veículos flexíveis.

Ao comemorarmos os quase 50 anos do Proálcool, estamos avaliando os impactos dos 50 anos do 1º choque do petróleo. A produtividade agrícola ganhou 30 toneladas por hectare, em média, e o etanol 30 litros por tonelada de cana!

Estamos, hoje, olhando os 50 anos e pensando nos próximos 50 anos. Em uma revolução digital, biotecnológica e com foco global em descarbonização e luta contra as mudanças climáticas, a cana-de-açúcar se aliou ao milho, às leguminosas (soja, amendoim) e inicia o grande ensaio dos trópicos vencedores na oferta de alimentos, energia renovável, papel, celulose, flores e roupas. Como disse o Nobel de Economia Paul Krugman, "a produtividade não é tudo, mas no longo prazo, é quase tudo".

Sobre o autor: Luiz Carlos Corrêa Carvalho é Presidente da ABAG, diretor da UDOP, engenheiro agrônomo pela ESALQ/USP e pós-graduado em agronomia e administração pela Faculdade de Economia da USP e Vanderbilt University (USA).

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