Mesmo antes da pandemia, o setor de petróleo e gás já amargava uma forte queda nona cotação do barril, causada pelo excesso de oferta, da Rússia e Arábia Saudita, que iniciaram uma guerra sem precedentes pelos preços do barril de petróleo em março/20. O setor vive a pior crise dos últimos cem anos.
A pandemia do Covid-19 gerou um caos na economia global, afetando em cheio a demanda de petróleo e gás. Com a adoção do lockdown em vários países, aumentou o tamanho da queda da demanda, afetando não somente o setor de petróleo e gás mas o mercado como um todo.
O preço do barril de petróleo despencou mais de 60% desde janeiro/20. Hoje, o barril de petróleo do tipo Brent, está cotado a menos de 20 dólares, colocando em risco centenas de empresas de exploração e produção de petróleo, que podem pedir falência, como já ocorreu com duas grandes empresas americanas (WLL e DO) que faliram em abril/20.
No Brasil, a Petrobras já revisou seu plano de investimento e desestatizações devido à queda na cotação do barril. O momento atual é de ajustes e adequação ao novo cenário, o que implica em cortes de custos e adiamento de investimentos.
As empresas de petróleo e gás não conseguem gerar fluxo de caixa e isso dificulta rolagem de dívidas e impedem o acesso ao mercado de capitais para refinanciamento.
Além disso, os investidores querem fugir da volatilidade dos preços do petróleo e do gás e começaram a deixar o setor.
No início de abril, a Petrobras anunciou medidas de contenção de custos de sua operação, incluindo a hibernação de 62 plataformas, um corte em sua produção diária e uma redução de seu capital de investimentos. Medidas que afetaram o pessoal foram a postergação do pagamento, da remuneração mensal de empregados com função gratificada (gerentes, coordenadores, consultores e supervisores); cancelamento dos processos de promoção para empregados de cargos altos; suspensão temporária de todos os treinamentos; e a redução temporária da jornada de trabalho, de 8 horas para 6 horas, de cerca de 21.000 empregados.
O atual preço do barril, no nível baixo em que se fixou, faz com que a extração se torne financeiramente inviável e os cortes de custos e investimentos são a forma mais adequda para preservar os empregos e a empresa.
Como decorrência dessa crise, sofrem também os estados que recebem roialties do petróleo que vão sofrer também com a queda de seu PIB, pois a crise afeta todos os setores, indistintamente.
Com a incerteza sobre a duração do lockdown horizontal e sobre a contenção dos efeitos da Covid-19 estimamos que demorará mais tempo para que a economia se recupere e volte a crescer e, infelizmente, temos que admitir que esse cenário adverso e nebuloso deva continuar a acontecer e afetar não somente as empresas do setor de petroleo e gás como todos os negócios.
Sobre o autor: Sergio Dias é economista com pós-graduação em gerência de projetos e especialização em administração de empresas; consultor de empresas, roteirista, palestrante e instrutor; sócio da Sdias Consultoria Ltda. (fundada em 1999); prestador de serviços de consultoria no SEBRAE/RJ, nas áreas de gestão da inovação e planejamento estratégico. Sérgio Dias também é consultor e facilitador de cursos de inovação na Firjan e na ANPEI. É vice-presidente da ASSESPRO-RJ, membro do Conselho Empresarial de Inovação da Associação Comercial do Rio de Janeiro e integrou o grupo de trabalho da prefeitura para elaboração do Planejamento Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro e as missões de negócios ao Panamá, Costa Rica, Portugal e Espanha pelo Centro Internacional de Negócios da Firjan.
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