Alessandra Simões
A indústria de petróleo e gás brasileira passou recentemente por uma drástica mudança de cenário. Passou de um cenário próspero e de crescimento acelerado para um cenário de estagnação, destruição de valor e indefinição. Essa mudança ocasionou o desaparecimento de milhares de postos de trabalho e a mão de obra qualificada deixou de ser escassa para ser sobre ofertada.
Os tempos difíceis e complexos ainda não passaram totalmente, a indústria de petróleo nacional ainda está muito ressentida com tudo que viveu nos últimos anos. Tornando os investimentos mais escassos e conservadores.
A maioria dos profissionais do setor acredita no potencial do Brasil, na retomada do mercado mas uma importante dúvida ainda paira no ar, com que estratégia regulatória desenvolveremos esse potencial? E em quanto tempo?
Desde meados de 2016 o cenário de indefinição caminha para um ambiente com mais certezas e melhores perspectivas. Ações efetivas estão colocando o setor de volta ao prumo. Dentre essas ações destacam-se: a revisão do marco regulatório, a agenda de leilões para 2017 e 2018, a confirmação do desinvestimento da Petrobras e a revisão da política de conteúdo local.
Essas ações, associadas ao aumento do valor do barril, estão permitindo a indústria recuperar sua auto estima e reviver, ainda que inibidamente, um otimismo. Nesse sentido, a indústria de petróleo e gás mesmo que ainda timidamente volta a fazer planos de retomada e crescimento de mercado. O discurso não tem mais como tema principal o desinvestimento, agora os tópicos são: entendimento das possibilidades, investimento, crescimento etc.
Os números ainda variam muito, algumas pesquisas optam pela visão mais conservadora e outras por perspectivas mais otimistas. Algumas notícias falam de investimento na ordem de bilhão de dólar outros citam dezenas de bilhões de dólares, investimentos esses previstos para acontecer até 2020.
Em 04 de fevereiro de 2017, o jornal O Globo publicou uma matéria informando que por conta da flexibilização da política de conteúdo local a indústria petroleira poderia gerar cerca de 70 mil empregos a mais, chegando a 700 mil postos de trabalho. Além de receber um investimento aproximado de 60 bilhões de dólares até o ano de 2020.
Segundo o IBP e o Grupo de Economia da Energia da UFRJ, utilizando-se as hipóteses de volume e investimentos do estudo da IHS, em 2020 o cenário para a indústria seria:
Os 70 mil novos postos de trabalho perto dos mais de 300 mil que desapareceram da indústria pode parecer ainda pouco significativo. Nesse sentido, vale lembrar que que este momento é apenas o começo da retomada, com mais ações efetivas, constância de propósito e continuidade de coerência nas decisões, novos investimentos virão e com eles mais e mais postos de trabalho.
Nos últimos anos por conta da intensa resseção as empresas cortaram seu quadro de pessoal de forma drástica. A diretriz naquele momento era de sobrevivência. Trabalhava-se com orçamento base zero para enxugar ao máximo os custos.
Muitas empresas desligaram profissionais que estavam em seu programa de retenção de talentos e/ou no programa de sucessão. Algumas demitiram todos os seus diretores, achatando assim sua estrutura organizacional, outras optaram por desligar áreas inteiras.
As empresas atualmente estão trabalhando com o mínimo recurso possível, com uma estrutura que talvez não suporte nem mesmo a participação em uma grande licitação. Com as estruturas organizacionais atuais muito enxutas, havendo a recuperação do mercado conforme esperada, as empresas precisarão contratar imediatamente. Essa é a boa notícia para o ano de 2017!
Sobre a autora: Alessandra Simões é sócia da Uphill Executive Search
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