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O desenvolvimento do pré-sal e o preço do petróleo, por Magda Chambriard


25/08/2020 19:44
O desenvolvimento do pré-sal e o preço do petróleo, por Magda Chambriard Imagem: Divulgação Visualizações: 1195 (0) (0) (0) (0)

Lower for longer é a assertiva que vem refletindo as expectativas do mercado em relação ao futuro próximo dos preços do petróleo cru.

Depois de uma queda histórica, que resultou em preços do petróleo do tipo Brent inferiores a US$ 20/barril em abril de 2020 e do WTI a preços negativos para entrega em abril, a flexibilização do isolamento social e os cortes da OPEP+ vêm contribuindo para a estabilização do mercado e a recuperação dos preços.

No entanto, uma segunda onda da pandemia do COVID-19 e as incertezas a ela associadas têm se traduzido em dificuldades para se ultrapassar o patamar entre US$ 40/barril e US$ 45/barril.

O fato é que as previsões da Agência Internacional de Energia, da OPEP e da US Energy Information Administration coincidem ao afirmar que os preços do petróleo não irão retornar aos níveis de 2019 antes de 2022.

Nesse momento, portanto, especula-se sobre o impacto desse cenário no potencial produtivo do Brasil.

Não é segredo que a recente queda do petróleo trouxe sérias perdas para as majors do setor. Apenas no primeiro trimestre de 2020, ConnocoPhillips, Equinor, Eni, ExxonMobil, Petrobras e Shell juntas tiveram um prejuízo de US$ 17,49 bilhões.

InstitucionalGlobalmente esse ano, investimentos estimados para a indústria do petróleo sofreram uma redução de quase 30%. A própria Petrobras anunciou redução de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões.

Também não é segredo que, em uma condição como essa, o esforço de proteção ao caixa enseja a postergação ou o cancelamento de projetos de maior risco, como os exploratórios e os de pesquisa e desenvolvimento, e a priorização de projetos geradores de receita, como os de desenvolvimento da produção, principalmente os do primeiro quartil da carteira de projetos das companhias.

É nesse contexto que se analisa um possível impacto da pandemia do COVID-19 na produção de petróleo brasileira.

Para além do Plano de Negócios 2020-2024 da Petrobras e do desenvolvimento do campo de Bacalhau (prospecto Carcará), operado pela Equinor, se vislumbra o desenvolvimento da produção de áreas que já contam com descobertas realizadas pela Petrobras, como por exemplo o campo de Búzios, para o qual a empresa acaba de anunciar a instalação de novas plataformas de produção do tipo FPSO.

No mais, restam investimentos exploratórios vultosos a serem realizados em áreas arrematadas em leilões recentes da ANP, algumas delas adquiridas com bônus bilionários.

Vai ficando claro, portanto, que a extensão do impacto do COVID-19 e a resiliência das empresas, ao longo desse período, serão decisivas para que se chegue a 2030 superando a marca dos 4 milhões de barris por dia de petróleo no país.

Entre o já comprometido pela Petrobras e a Equinor e o anunciado, aí incluindo áreas para que a Petrobras já providencia licenciamento ambiental, vai se configurando a possibilidade de o Brasil contar com cerca de três novas plataformas do tipo FPSO por ano.

Além dessas, precisar-se-á contar com esforços exploratórios das demais operadoras, vencedoras do leilão e, principalmente, com suas resiliências aos efeitos do COVID-19.

O certo é que, no que diz respeito ao Brasil, sua competitividade no setor petróleo resta comprovada pelo resultado bilionário obtido nos leilões da ANP, principalmente em bônus de assinatura. Também resta comprovado o apetite de investimento da Petrobras e o imenso potencial do pré-sal.

A ver agora o desempenho operacional das majors aqui atuantes, face ao desafio da pandemia. Essa será a diferença entre atingir a marca dos 4 milhões de barris por dia de petróleo com sacrifício, ou superá-la em muito, com a possibilidade de se chegar perto dos 5 milhões de barris por dia, em 2030.

Garantida a resiliência à crise, o pré-sal não vai falhar!

Sobre a autora: Magda Chambriard é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ e Engenheira Civil pela UFRJ, se especializou em engenharia de reservatórios e avaliação de formações e posteriormente em produção de petróleo e gás, na hoje denominada Universidade Petrobras. Fez diversos cursos, além dos relativos a produção de óleo e gás, dentre os quais Desenvolvimento de Gestão em Engenharia de Produção, Negociação de Contratos de Exploração e Produção, Qualificação em Negociação na Indústria do Petróleo, Gerenciamento de Riscos, Contabilidade, Gestão, Liderança, desenvolvimento para Conselho de Administração.

Iniciou sua carreira na Petrobras, em 1980, atuando sempre na área de produção, onde acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil. Foi cedida à ANP, para assumir assessoria da diretoria de Exploração e Produção em 2002, quando atuava como consultora de negócios de E&P, na área de Novos Negócios de E&P da Petrobras.

Na ANP, logo após assumir a assessoria, assumiu também as superintendências de exploração e e a de definição de blocos, com vistas a rodadas de licitação. Foi responsável pela implantação do Plano Plurianual de Geologia e Geofísica da ANP, que resultou na coleta de dados essenciais para o sucesso das licitações em bacias sedimentares de novas fronteiras.

Assumiu a Diretoria da ANP em 2008 e a Diretoria Geral em 2012, tendo liderado a criação da Superintendência de Segurança e Meio Ambiente, Superintendência de Tecnologia da Informação, os trabalhos relativos aos estudos e elaboração dos contratos e editais, além dos estudos técnicos que culminaram na primeira licitação do pré-sal, além das licitações tradicionais sob regime de concessão. Foi responsável pelas áreas de Auditoria, Corregedoria, Procuradoria, Promoção de Licitações, Abastecimento, Fiscalização da Distribuição e Revenda de Combustíveis, Recursos Humanos, Administrativa-Financeira, Relações Governamentais além das relativas a Exploração e Produção.

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