O universo corporativo com seu comportamento sinuoso sempre foi conduzido a uma série de desafios, a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade sempre estiveram presentes, porém nos últimos anos este contexto passou a ter alta notoriedade, para a surpresa de muitos que projetavam o ano de 2020 como o ano da real retomada, descobrimos o tão falado novo normal, confirmando máxima citada ao início e fomos expostos a mais um momento de grande apreensão e instabilidade, mas será que é somente isso? Já adianto que não.
De um dia para o outro, os grandes centros passaram a estar vazios e a força de trabalho precisou adaptar-se ao seu ambiente residencial como seu local trabalho para uma jornada segura, sem contato físico com seus colegas, para garantir que tudo continuasse funcionando, as empresas precisaram digitalizar mais de 80% dos seus modelos de negócios e processos, trazendo à tona a tão desejada transformação digital, documentos assinados digitalmente, processos inteiros na nuvem, VPN a toda prova garantindo o trabalho em ambiente seguro e sem dúvida redução ou quase extinção da impressão de diversos itens.
Acredito muito na capacidade de aprender, desaprender e reaprender do ser humano, somos absolutamente adaptáveis a diversas situações, estou certo que voltaremos aos ambientes compartilhados com hábitos novos, advindos do isolamento social e que invariavelmente ainda nos trarão muitos ganhos.
Quanto ao trabalho remoto, a minha experiência durante este período de quarentena foi de muitas descobertas no início, tudo parecia muito incomum e que o momento de isolamento seria breve, no máximo 30 a 60 dias, e a expectativa quanto à resolução só aumentava. Ao longo, pude perceber que a qualidade de vida havia aumentado de forma significativa, ao passo que investi melhor o tempo de deslocamento até o escritório em conhecimento, exercícios físicos e com a família, neste caso minha esposa. Além disso, a quantidade de informação adquirida e o crescimento profissional, sem dúvida, só foi possível por conta do trabalho remoto, em que a energia e o tempo investidos para as atividades profissionais não são adicionados do transporte, então permaneci mais bem disposto a buscar o conteúdo que me trouxesse valor.
Sem dúvida precisamos ter atenção ao famoso “morar no trabalho”, mas uma rotina com processos bem definidos e gatilhos nos ajudam a garantir que não façamos confusão entre “home” e “office”. Para mitigar esse risco comissionei do zero um escritório em minha casa, que atendeu e atende muito bem as necessidades ergonômicas e técnicas, tal qual o ambiente da empresa pode proporcionar, que permanece fechado sempre que estou fora da jornada de trabalho, sendo aberto somente nos momentos pré-definidos e acordados com a gestão, desta forma ainda que dentro de casa o trabalho permanece no trabalho. O resultado, foi o ganho de mais autonomia e produtividade em algumas atividades em um espaço aconchegante para seguir enfrentando o novo normal.
Outra experiência interessante, foi como acabamos conhecendo melhor os nossos colegas de trabalho e clientes, as reuniões que anteriormente eram realizadas presencialmente, hoje, temos o prazer de realiza-las por vídeo chamada, sem perder oportunidades, com cada um em seu próprio ambiente seguro, com seus fones, headsets, ambientação e até mesmo cadeiras personalizadas, um approach mais humanizado em que todos do conforto do seu lar podem conduzir seus compromissos de forma leve e descontraída.
É irrefutável que tivemos e ainda teremos diversos desafios, avindos desta crise sanitária e das próximas que virão, sejam econômicas, geopolíticas, políticas etc., mas precisamos acreditar e praticar que momentos adversos nos levam à transformação e dela as grandes oportunidades.
Cumprir as exigências de segurança durante o período da pandemia, não é tão desafiador hoje, mas o futuro do trabalho com certeza será, principalmente no que tange aos modelos que de fato permanecerão daqui para a frente. Para permanecerem competitivas as corporações precisarão pensar e repensar seus modelos de atuação, considerando a especificidade de cada cargo, com flexibilização de jornada, de local de trabalho e não será espantoso perceber que o home office poderá se tornar um modelo regular, com idas esporádicas ao escritório somente em casos de real necessidade.
Em momentos adversos, os desafios nos saltam aos olhos e nos impulsionam à adaptação e a resultante deste conjunto de situações após o processo certamente será uma relação de ganho e crescimento para todos.
Sobre o autor: Itamar Alves Junior é engenheiro de petróleo formado pela UNISUAM, cursou Engenharia de Máquinas Navais Offshore na COPPE/UFRJ, cursando Engenharia de Segurança do trabalho na Estácio e MBA em Gestão de Pessoas na UNISUAM. Membro da SPE Brazil Section desde 2014, atualmente é diretor de Parcerias e vice-chair de HSE da SPE Brazil Section, além de membro do comitê de jovens profissionais. Quanto a sua carreira profissional, é militar da reserva de 1ª categoria do Exército Brasileiro, onde serviu por 04 anos e atualmente é Analista de Negócios na Firjan SENAI, onde ingressou em 2013 e atua com foco em desenvolvimento de negócios em tecnologia, inovação e educação.
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