Logística

ALL define prioridades em meio a novo cenário

Depois de duas trocas de presidente em menos de três anos, a América Latina Logística (ALL) indicou Alexandre Santoro para o comando em um dos momentos mais conturbados da história da empresa. Após as ações sofrerem na bolsa, pelo temor de investidores

Valor Econômico
17/09/2013 10:12
Visualizações: 726
Depois de duas trocas de presidente em menos de três anos, a América Latina Logística (ALL) indicou Alexandre Santoro para o comando em um dos momentos mais conturbados da história da empresa. Após as ações sofrerem na bolsa, pelo temor de investidores com a possível entrada da Cosan no controle, o executivo, com 11 anos de trabalho na casa, agora tem como desafio problemas operacionais nas ferrovias e a preparação de seu futuro em meio à completa remodelação no setor. Em entrevista ao Valor, Santoro diz que seu foco é o término dos investimentos atuais e a consolidação da ALL como uma empresa de logística integrada, com entrada em negócios como o setor portuário.
 

Formado em Ciência da Computação e pós-graduação em Administração, ele diz que a companhia estuda de maneira firme participar de licitações de terminais portuários que estão previstas em novos leilões do governo federal. O foco são portos em que a companhia tem presença atual - são eles Santos, Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande (RS).
 

A tendência é formar parcerias e por isso não necessariamente tenha que desembolsar capital. "Ferrovia e porto andam juntos e fazem um sentido enorme para a gente. Estamos estudando", afirmou o executivo. A empresa já é sócia em dois terminais em Santos: o TGG e o Terminal 39. "Tudo que tiver a ver com nosso negócio, vamos avaliar", disse o executivo, que foi tirado da Vetria, projeto de mineração de ferro controlado pela ALL, no início de junho. Antes, teve passagens na AmBev e Danone.
 
 
Além de negócios na área portuária, Santoro revela o plano de novo projeto no Sul do país, nos moldes do megaterminal ferroviário de Rondonópolis (MT) - resultado da expansão de 260 km da antiga Ferronorte e que teve investimentos de R$ 730 milhões, com inauguração na sexta-feira. A ALL disse acreditar que será um dos maiores complexos da América do Sul, com cerca de 20 empresas com armazéns para grãos, fábricas e terminais de combustíveis e contêineres. Ao todo, vai ter capacidade para movimentar até 18 milhões de toneladas por ano.
 
 
Disputar o setor portuário pode evitar problemas que diz ter enfrentado com frequência. Neste ano, com safra recorde no campo, a companhia registrou queda de volume transportado ao fim do segundo trimestre (ante um ano antes), influenciada justamente por problemas em terminais. "Em um ano de [boa] safra a gente não cresceu, é um fato", resume Santoro.
 
 
Os terminais usados passaram por greves, reformas e até incêndio. Com isso, os volume de commodities agrícolas cresceram só 0,4% contra um ano antes. Em produtos industriais, o resultado foi pior: caiu 2,3% na comparação. "O sistema Santos colapsou no trimestre. Isso reforça a necessidade de estar bem posicionado lá".
 


Além disso, a ALL tem baixa capacidade ferroviária em parte de seus trechos, o que limita o atendimento a clientes. No Estado de São Paulo, não consegue atender adequadamente clientes do ramo de açúcar, como a Cosan e, por isso, vem pagando multas às empresas. A questão seria solucionada com a conclusão da duplicação da ferrovia que leva a Santos. Mas o trecho ainda depende de uma licença ambiental em dois pontos que somam 80 km e que cruzam áreas indígenas. "Nosso grande foco é finalizar essa duplicação. A previsão é terminar até o fim de 2014", disse. Até lá, a ALL continua negociando alternativas com seus clientes e pagando as multas dos contratos.
 

Enquanto busca equação para os novos investimentos, a companhia lida com aquela que é uma das maiores preocupações de analistas sobre a ALL: o fluxo de caixa negativo. Com o fim dos investimentos em Mato Grosso, a ALL poderia enfim dar um ponto de virada nesse item. Mas isso não aconteceu. Ao fim do ano passado, o fluxo de caixa livre havia ficado negativo em R$ 232,9 milhões. Ao fim do primeiro semestre, foi negativo em R$ 300,5 milhões. "Contávamos com algumas coisas que não aconteceram. Parte foi [o atraso em] Rondonópolis e parte a [não] duplicação em São Paulo", defende Santoro, que espera uma reversão na virada deste ano. "Nos próximos anos, é totalmente factível".
 

Em meio a essas questões, o mercado tenta fazer as contas sobre se vale a pena investir na ALL também tendo em vista o prazo final das concessões - cada vez mais próximo. Das quatro concessões, três vencem na próxima década. No caso da ALL Malha Oeste (MS/MT), o prazo vence em 2026. Na ALL Malha Sul (SP, PR, SC e RS), em 2027. Na ALL Malha Paulista (SP), em 2028. Santoro diz estar confiante na renovação dos contratos por mais 30 anos. "A gente é otimista em conseguir renovar. Mas nossos planos são independentes disso".
 

A empresa nega que tenha de fazer uma injeção de capital, fato que teria sido um dos fatores do fracasso da entrada da Cosan na estrutura da empresa. A Cosan via necessidade de recursos para dar suporte a novos investimentos da empresa. Santoro informa que a situação financeira da ALL é confortável, com relação dívida líquida/Ebitda de 2,31 vezes. "O perfil é de uma dívida barata e de longo prazo, a maior parte com BNDES e debêntures. Nada pesado nos próximos quatro anos".
 

A criação das subsidiárias de logística por rodovias e da entrada no setor portuário são demonstrações de como a ALL está se posicionando, focando em logística integrada - não somente nas malhas de ferro. "A ALL não nasceu com as concessões de ferrovia. Ela incorporou". No novo modelo de malhas de ferro elaboradas pelo governo, a companhia não tem interesse em ser uma concessionária (essa seria uma atividade mais voltado às construtoras). Mesmo assim, tem interesse em ser transportadora nos novos trechos. E está tranquilo em relação ao temor do mercado de que os novos trechos "roubem" suas cargas. "Hoje eu não consigo atender a demanda, então é bom o país ter alternativas. Temos carga para ficar com o cabelo mais branco do que já está".

Mais Lidas De Hoje
veja Também
COP30
IBP defende adoção de critérios globais para uma transiç...
06/11/25
Gás Natural
ANP aprova Plano de Ação referente às tarifas de transpo...
06/11/25
Offshore
Descomissionamento é tema estratégico
06/11/25
Meio Ambiente
Equinor e USP iniciam projeto de pesquisa de captura e a...
06/11/25
Resultado
BRAVA Energia registra recorde de receita líquida com US...
06/11/25
Resultado
Vibra registra forte geração de caixa e margens consiste...
06/11/25
Resultado
ENGIE Brasil Energia registra lucro líquido ajustado de ...
06/11/25
Apoio cultural
Transpetro une preservação cultural e desenvolvimento su...
06/11/25
Internacional
Malásia quer se tornar polo global de captura e armazena...
05/11/25
Meio Ambiente
ANP realiza workshop sobre emissões de metano em conjunt...
05/11/25
Combustíveis
Procon Carioca firma parceria inédita com o Instituto Co...
05/11/25
Energia Elétrica
Thopen adquire operação de geração distribuída de energi...
05/11/25
Resultado
PRIO divulga resultados do 3T25 com avanços em Wahoo, Al...
05/11/25
PD&I
Noruega e Brasil lançam nova chamada conjunta de financi...
04/11/25
Descomissionamento
ABPIP realiza segundo workshop com ANP para discutir des...
04/11/25
iBEM26
Evento internacional de energia abre inscrições para ati...
04/11/25
Etanol
UNICA e Cetesb firmam acordo para fortalecer gestão ambi...
04/11/25
OTC Brasil 2025
Petrobras estuda ter centro logístico no Amapá enquanto ...
03/11/25
Pré-Sal
Campo de Búzios atinge produção recorde de 1 milhão de b...
03/11/25
Mão de obra
Programa de Desligamento Voluntário é lançado pela Petrobras
03/11/25
Etanol
Preços do anidro e do hidratado registram alta
03/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.