Preço

Aumento diferenciado dá gás a manipulações

Jornal do Commercio
02/04/2008 12:17
Visualizações: 460 (0) (0) (0) (0)

Com o reajuste de 10% anunciado ontem pela Petrobras, o segundo este ano, o preço do gás liqüefeito de petróleo nas apresentações mais comuns em uso comercial e industrial (45 e 60 kg) está até 30% maior que o do produto contido no botijão de 13 kg, o mais popular. Com isso, aumenta muito o risco de manipulação por revendedores inescrupulosos, comprometendo a segurança do consumidor, adverte o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello. "Em Curitiba, houve acidentes relacionados à transferência do conteúdo de botijões de 13 kg, mais baratos, para os de 60 kg, mais caros, sem a pressão nem as cautelas técnicas necessárias. Quanto maior a defasagem de preços, maior o incentivo a esse tipo de prática nociva", alerta.

 

A política de preços da Petrobras, na prática, está revivendo os tempos do subsídio cruzado, em que itens de maior peso na inflação e maior relevância para o consumo das classes populares direta ou indiretamente, como diesel e glp, tinham reajustes inferiores aos derivados em tese mais elitizados, como o querosene de aviação. Esse fenômeno não impediu, contudo, uma elevação expressiva do preço do botijão de 13 kg, desde a extinção da conta-petróleo, em janeiro de 2002. "O botijão custava R$ 5, agora está entre R$ 30 e R$ 36, conforme a distância da refinaria", explica Bandeira de Mello.

 

 

A maior parte deste aumento, contudo, foi apropriada pelos governos, sob a forma de tributos. "O gás lp paga de 22% a 25% de tributos, dependendo do ICMS de cada estado e dos critérios de cálculo do preço médio do botijão de referência. As alíquotas variam de 12%, caso do Rio, a 17%, em São Paulo e na maioria dos estados, até 18%, em Minas Gerais", informa o presidente do Sindigás. "A fatia dos impostos subiu 1.143% desde o Plano Real, enquanto o preço de refinaria subiu 784,37%, com o reajuste nas distribuidoras e nas revendas limitado a 250%, ou 25% em termos reais", conta Bandeira de Mello. Trabalho recente do Sindigás revela que, em termos reais, descontada a inflação pelo IGP-DI, os impostos subiram 303,67% nos últimos 13 anos.

 

Como efeito dos aumentos decorrentes do fim dos subsídios e da ausência de reajuste no auxílio-gás (mantido em R$ 7,50 desde 2001), o gás de cozinha cedeu espaço na matriz energética residencial do País. Os dados mais recentes revelam que a fatia da lenha já chega a 31%, igualando o percentual do gás.

 

"Em 2004, o governo zerou o PIS/Cofins do arroz e do feijão. Nada foi feito no gás LP, que paga 9,6% em base agregada. E não consta que ninguém coma cru, nem feijão nem arroz", argumenta.

 

Presente em 42,5 milhões de domicílios, que abrigam 92,5% da população brasileira, o gás de cozinha pode ser barateado em até 35% caso receba tratamento fiscal de gênero de primeira necessidade. Nessa hipótese, defendida por deputados como Pedro Fernandes (DEM-RJ) e José Pimentel (PT-CE), ficaria aberto o caminho para outras utilizações que não o preparo de alimentos, mas proporcionando ganhos sociais relevantes.

 

O Brasil, hoje, aquece água para banho por meio elétrico (eletrotermia) em 68% dos casos, contra 45% na França. A redução em um quarto desta diferença de 23 pontos percentuais já traria uma economia da ordem de 7,1 mil megawatts, o equivalente à produção prevista das duas usinas hidrelétricas do Madeira, em Rondônia.

 

"Nesse caso, existem soluções técnicas disponíveis tanto em gás LP quanto em gás natural, os aquecedores residenciais tornaram-se mais baratos e seguros nos últimos dois anos. Falta um empenho maior do governo e da sociedade em buscar alternativas para o chuveiro elétrico, produto que é o grande responsável pelo consumo nos horários de pico", conclui.

 

 

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) confirmou que a Petrobras promoveu um reajuste de 10,4% no preço do querosene de aviação (QAV). O reajuste é válido desde ontem. No acumulado do ano, o produto já registra elevação em torno de 13,1%, segundo informações do sindicato.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Etanol
Anidro sobe 0,11% e hidratado recua 0,17% na semana
07/07/25
Porto de Santos
Ageo Terminais conclui captação de R$ 154 milhões em deb...
07/07/25
Logística
Durante o Macaé Energy, Líder Aviação destaca experiênci...
07/07/25
Gás Natural
SCGÁS divulga novos projetos aprovados por meio de leis ...
04/07/25
Rio Grande do Sul
Sulgás defende mobilização de deputados gaúchos para ass...
04/07/25
Biodiesel
ANP recebe doação de equipamentos para detectar teor de ...
04/07/25
Meio Ambiente
Biometano emite até 2,5 vezes menos CO₂ do que eletricid...
04/07/25
Fusões e Aquisições
Petróleo lidera fusões e aquisições globais; especialist...
04/07/25
Investimentos
Petrobras irá investir R$ 33 bilhões em projetos de refi...
04/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Petrobras aposta no Sergipe Oil & Gas e será a patrocina...
04/07/25
Pessoas
Julia Cruz é a nova secretária de Economia Verde, Descar...
03/07/25
Gás Natural
TBG lança produto de curto prazo flexível anual
03/07/25
Resultado
Grupo Potencial cresce 70% em vendas de Arla 32 e planej...
03/07/25
Petroquímica
Vibra entra no mercado de óleos básicos para atender dem...
03/07/25
Biocombustíveis
Brasil pode liderar descarbonização do transporte intern...
03/07/25
Energia Elétrica
PMEs: sete dicas para aderir ao mercado livre de energia
03/07/25
Oportunidade
Vibra adere ao Movimento pela Equidade Racial
03/07/25
Pré-Sal
Oil States assina novos contratos com a Subsea7
02/07/25
Sustentabilidade
Congresso Sustentável CEBDS 2025 reúne 300 pessoas em Belém
02/07/25
Energia Elétrica
Com bandeira vermelha em vigor desde junho, energia reno...
02/07/25
Amazonas
Super Terminais e Governo do Amazonas anunciam primeira ...
02/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.