Produção

Brasil terá maior crescimento na produção de petróleo, diz EUA

Produção em alta, preços em baixa.

Brasil Econômico
10/09/2014 18:00
Visualizações: 87 (0) (0) (0) (0)

Agência americana vê Brasil entre as maiores contribuições para o aumento da oferta global de petróleo, mas alerta para cotações declinantes e índices de conteúdo local.

Com a exploração do pré-sal, o Brasil terá a maior taxa de crescimento na produção de petróleo nas próximas décadas, prevê a Agência de Informações em Energia do governo dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês).

Segundo relatório divulgado ontem, o volume extraído no país atingirá, em 2040, 4,5 milhões de barris por dia, alta de 119% com relação ao verificado hoje.

A agência, porém, alerta para a necessidade de pesados investimentos em um cenário de preços mais baixos e eventuais riscos provocados pelos altos índices de conteúdo local estipulados pela legislação brasileira do setor de petróleo e gás.

“Quase todo o crescimento líquido da produção fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pode ser atribuído a apenas cinco países: Canadá, Brasil, Estados Unidos, Casaquistão e Rússia”, diz o relatório Panorama Internacional da Energia 2014.

0 documento coloca o México também com boas perspectivas de aderir ao grupo, dependendo dos resultados da reforma energética em curso no país, que abrirá o segmento de óleo e gás para a iniciativa privada depois de 75 anos de monopólio.

Em termos absolutos, o Canadá apresenta o maior potencial de crescimento entre os países fora da Opep, com a produção passando de 2,9 milhões para 5,9 milhões de barris por dia até 2040, alta de 104%, impulsionada pela exploração das areias betuminosas da região de Alberta.

Com uma projeção de alta de 119% no mesmo período, o Brasil ocupa a primeira posição em termos relativos e a segunda em números absolutos, com o incremento de 2,45 milhões de barris por dia à sua produção.

“Algumas das maiores descobertas de petróleo nos anos recentes foram feitas no pré-sal brasileiro. Além do potencial para incrementar significativamente a produção de petróleo do país, as áreas têm perspectivas de reservas consideráveis de gás natural”, avaliam os técnicos da EIA, lembrando que a Petrobras tem como meta atingir a marca de 2,75 milhões de barris por dia em 2017.

Para a agência, porém, as vastas reservas brasileiras só são viáveis porque os preços do petróleo encontram-se “relativamente” altos, o que garantiu o desenvolvimento de tecnologias de extração em águas ultraprofundas.

“Está claro que serão necessárias condições favoráveis para atrair o investimento estrangeiro de companhias com tecnologia que pode ajudar a desenvolver os recursos”, completa o documento, em uma crítica a mudanças recentes na legislação brasileira, que delegaram à Petrobras o papel de operador único dos campos do pré-sal e estipulam índices de conteúdo local de 59% para poços em produção a partir de 2021.

A avaliação corrobora reclamações de companhias privadas com interesses no Brasil, que reclamam para si o direito de operar projetos na maior província petrolífera descoberta recentemente no mundo.

Com relação aos preços do petróleo, a EIA confirma projeções de queda nos próximos anos por conta do excesso de capacidade global de produção — ontem, a cotação do Brent atingiu a mínima de 17 meses, fechando o pregão em Londres a US$ 99,16 por barril, em sua quarta queda consecutiva.

Segundo o relatório, a cotação do Brent recua para a casa dos US$ 92 por barril em 2017, em um cenário de referência, para depois subir consistentemente até US$ 141 por barril em 2040 — abaixo dos US$ 165 por barril projetados na versão anterior do relatório.

No cenário de preços mais baixos, a cotação poderia atingir US$ 70 por barril em 2016.

A diferença depende de confirmação das projeções de crescimento da demanda e da oferta global nos próximos anos.

O relatório considera, em seu cenário e referência, crescimento da economia global a taxas de 3,5 % ao ano, que levaria o consumo de petróleo e derivados dos atuais 87 milhões para 119 milhões de barris por dia em 2040.

0 maior crescimento econômico e “praticamente” todo o aumento do consumo se darão em países fora da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na América do Sul, a demanda passará de 6 milhões para 8,6 milhões de barris por dia.

“Algumas economias da região, notadamente Brasil, Colômbia e Peru, devem continuar a experimentar expansão econômica no longo prazo, que vai suportar a crescente demanda por combustíveis líquidos, principalmente para transportes, mas também no setor industrial”, diz o texto. “O Brasil, maior economia da região, responde por mais da metade do crescimento da demanda no cenário de referência”.

As projeções também não consideram, no período a possibilidade de choques de oferta como os que levaram às crises do final dos anos 70.

Segundo o texto, os países da Opep, que hoje concentram quase metade da produção global de petróleo vão acrescentar 14,2 milhões de barris à oferta até 2040 — grande parte do aumento será proveniente do Oriente Médio, notadamente, da Arábia Saudita.

O Iraque, que já reviu para baixo suas metas de aumento da produção (de 12 milhões para 9 milhões de barris por dia), terá dificuldades para cumprir o projetado, segundo o texto, devido aos conflitos com o grupo Estado Islâmico.

O Brasil terá importante contribuição também no crescimento da oferta de biocombustíveis, com uma oferta adicional de 500 mil barris por dia até 2040.

A produção global de “outros líquidos” (biocombustíveis, gás natural liquefeito e combustíveis a partir do gás natural) entre países fora da Opep crescerá de 8,5 milhões para 14,2 milhões de barris por dia.

 

CENÁRIOS

2,45 mi

Volume adicional, em barris por dia, que o Brasil pode colocar em produção até 2040, com o desenvolvimento de reservas do pré-sal.

104%

Aumento da produção do Canadá, país que tem a maior contribuição, em termos absolutos, para o crescimento da produção fora da Opep.

US$92

Preço do barril de petróleo no mercado internacional em 2017, segundo o cenário de referência do relatório da Agência de Informações em Energia.

3,5%

Crescimento médio da economia global usado para elaborar ocenário de referência do Panorama Internacional de Energia.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

20