Jornal do Brasil
Um dos maiores temores enfrentados por empresas que atuam em exploração de petróleo em águas profundas é um fenômeno conhecido como ``pluma de bolhas``. Trata-se do escapamento de gases naturais em alta pressão quando ocorrem vazamentos de óleo no fundo do oceano. O estudo do fenômeno possibilita agilizar operações de resgate minimizando assim os riscos para as equipes envolvidas. O gás é uma ameaça invisível e permanente nesse trabalho.
O Laboratório de Mecânica de Turbulência da Coppe, centro pioneiro no Brasil no estudo de ``pluma de bolhas``, participa da Semana da Ciência, série de eventos ligados ao tema espalhados pela cidade. Em um estande, no campus da Praia Vermelha da UFRJ, o laboratório montou um aquário que reproduz como o fenômeno, até então desconhecido do público comum, acontece. Com a ajuda de alunos da Coppe, é possível compreender como o movimento ascendente das bolhas de gás, ``expelidas``, de uma profundidade que chega a 750 metros, provoca a mortandade de peixes e outros seres, além de poder gerar efeitos mais graves na superfície.
O escape dos gases, normalmente misturados com o óleo no duto de extração, é feito em movimentos ascendentes e circulares. A cada convecção, mais água do mar é incorporada ao processo, ampliando o desenho de cone característico do vazamento. Na superfície, o risco de explosão é grande, em função da presença do metano, que é altamente inflamável.
- O mar é estratificado, ou seja, em cada nível, possui diferentes temperaturas. No fundo é muito frio, enquanto perto da superfície tem por volta de 20º C. Quando a bolha sobe, carrega a água fria para cima. A água que estava em cima vai então para o fundo. Os peixes adaptados a um ambiente com temperaturas muito baixas acabam morrendo - explica Átila Freire, coordenador do laboratório.
Segundo o especialista, o estudo do processo é importante para o Brasil, que tem muito de sua reserva de petróleo em águas profundas. O laboratório desenvolveu o primeiro software no mundo que dá as dimensões exatas do fenômeno. Basta inserir medidas como a profundidade do oceano, para que a máquina calcule instantaneamente, por exemplo, o raio que as bolhas atingem.
- As fórmulas já existiam, só desenvolvemos o programa - afirma Freire, explicando que a grande vantagem dos cálculos feitos no computador é a aceleração do resgate.
O conhecimento do processo também indica qual a melhor forma de fazer uma intervenção para interromper o vazamento e mostra até onde os barcos, durante a operação de emergência, podem chegar. As ``plumas de bolha`` formam ondas de até cinco metros.
Por fim, explica o pesquisador, ainda é possível conseguir efeitos benéficos para o fenômeno, reproduzindo-o artificialmente. Através dele, por exemplo, pode-se formar uma barreira em meios aquáticos diferentes, separando esgotos industriais dos domésticos.
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