COP30
Chamada foi anunciada durante painel realizado na COP30 em Belém (PA).
Redação TN Petróleo/Assessoria Embrapii
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) anunciou a abertura de uma chamada pública voltada à capacitação de grupos de pesquisa de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) da Região Norte do país. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11) durante o painel "Bioeconomia e inovação industrial para adaptação climática no Brasil", na COP30, em Belém (PA).
A iniciativa busca fortalecer a atuação desses grupos em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em parceria com o setor produtivo, promovendo a qualificação técnica e gerencial das instituições locais.
A chamada selecionará quatro grupos de pesquisa em 2026 e outros quatro em 2027, que participarão de um programa de treinamento e imersão no Sistema de Excelência Operacional da Embrapii. O objetivo é apoiar ICTs na adoção de boas práticas de gestão e operação de projetos colaborativos com empresas, preparando-as para futuras chamadas de credenciamento como Unidades Embrapii.
Com o programa, a Embrapii pretende fortalecer a capacidade de atuação dos grupos de pesquisa da Região Norte em projetos inovadores, de modo a aumentar sua integração com empresas e contribuir para o desenvolvimento regional sustentável.
Embrapii na COP30
O painel "Bioeconomia e inovação industrial para adaptação climática no Brasil", mediado pelo presidente da Embrapii, ocorreu no auditório Uruçu, da Zona Verde. "Acreditamos que a bioeconomia é uma das respostas mais poderosas que o Brasil pode oferecer à emergência climática global, unindo desenvolvimento sustentável e competitividade industrial", destacou Alvaro Prata (foto) na abertura do painel. "Nosso compromisso é conectar universidades, centros de pesquisa e empresas, impulsionando a inovação que gera impacto real na sociedade", acrescentou.
Importância da bioeconomia
O fundador do Grupo Ultra e presidente do Conselho de Administração da Embrapii, Pedro Wongtschowski, explicou que a bioeconomia abrange uma imensa variedade de produtos, desde fontes de energia, como o etanol, até fibras, celulose, alimentos e fármacos – um campo vasto e estratégico, que conecta inovação, sustentabilidade e desenvolvimento industrial.
Para que esses produtos alcancem relevância no mercado, é preciso que sejam competitivos. "Apesar de avanços e iniciativas pontuais, ainda há um esforço científico insuficiente voltado especificamente à bioeconomia na Amazônia Legal. Muitas instituições continuam subequipadas e carecem de investimentos e pessoal qualificado para explorar plenamente o potencial dessa região", detalhou.
O presidente da Associação Mundial de Bioeconomia e fundador do Fórum Mundial de Bioeconomia, Jukka Kantola, relembrou: "Nós organizamos um fórum de Bioeconomia aqui, neste mesmo lugar, há quatro anos. Acreditamos que a Bioeconomia deveria ter um papel na arena global, e é por isso que estamos aqui. Acho que isso é muito importante para todas as nações, não só para o Brasil, que há agora uma espécie de compreensão conjunta sobre o que significa a Bioeconomia". Ele se referiu aos princípios de bioeconomia que foram desenvolvidos no G20, na presidência do Brasil, no ano passado. "E isso é realmente necessário. A bioeconomia está voltando aos princípios da Convenção de 1992, cobrindo todos esses aspectos ambientais".
Transformar biodiversidade em inovação sustentável
A secretária de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, Carina Pimenta, explicou que o grande desafio do Brasil é transformar sua matriz produtiva em uma matriz econômica sustentável, em que a biotecnologia caminhe junto com setores como a agricultura, a energia e a indústria. Para a secretária, a transição precisa integrar inovação e inclusão, valorizando o conhecimento tradicional e os sistemas produtivos das comunidades que estão na base da cadeia.
"Há um componente essencial na bioindustrialização que é a biossocioeconomia, que trata das relações entre povos detentores de saberes e o uso sustentável dos recursos naturais. Todas essas dimensões precisam ser consideradas para que a bioeconomia seja realmente transformadora", afirmou.
A reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Aldenize Ruela Xavier, relatou que, com apenas 16 anos, a Ufopa já se consolidou como um polo de inovação e desenvolvimento de soluções para a indústria, sendo pioneira e referência em diversas áreas. "Imagine o quanto poderíamos ter avançado se esse investimento e esse capital intelectual da Amazônia tivessem sido fortalecidos há mais tempo", provocou.
Aldenize também lembrou que hoje vivemos um crescimento expressivo do capital intelectual na região, com mais de 300 instituições de pesquisa e universidades. "Temos potencial, conhecimento e criatividade. O que precisamos agora é transformar tudo isso em economia, produtos e melhoria real da qualidade de vida da nossa população", propôs.
Chamado à ação
A diretora-geral do Instituto Arapyau, Renata Piazzon, avaliou ser necessário ter mais incentivos para a socioeconomia. "Desde crédito de carbono, que já está mais desenvolvido, mas ainda depende de regulamentação, precisamos de incentivos que podem vir de créditos à biodiversidade que começam a ser discutidos agora, nas convenções de biodiversidade, pagamento por serviços ambientais e incentivos de mecanismos multilaterais", enumerou.
Renata concluiu: "O Brasil é um país que tem a maior floresta tropical do mundo, a maior biodiversidade do mundo. Então a gente precisa de uma decisão política para transformar esse potencial em projeto de desenvolvimento, para que a gente consiga, realmente incluir a bioeconomia no orçamento, no crédito, na política industrial, na estratégia de exportação do Brasil."
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