A paralisação nas obras do Consórcio Conest, na Refinaria Abreu e Lima, vai continuar pelo menos até amanhã. A previsão do Consórcio, formado pelas empresas Odebrecht e OAS, era que os trabalhos fossem retomados hoje. Mas, como não houve consenso na primeira audiência de conciliação entre empresas e trabalhadores, realizada ontem pela manhã, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região, a decisão da empreiteira foi mandar os funcionários de volta para casa na tentativa de evitar novos conflitos. Amanhã será realizada uma nova audiência, a partir das 13h, no TRT, e o governo do Estado foi chamado para ajudar a solucionar o impasse.
O procurador regional do trabalho, Waldir Bitu Filho, que participou da audiência de ontem, adianta que para a reunião de amanhã foram convidados a participar não só o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Sintepav) e os representantes da empresa, mas também quatro Secretarias estaduais. Além da pasta de Articulação Social e Regional, que já vinha dialogando com empresas e operários, também foram convidados representantes das Secretarias de Desenvolvimento Econômico, Defesa Social e Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo, demonstrando a clara preocupação de envolver o governo na discussão.
“Nossa atuação é para tentar evitar um caos social. Não queremos que se repita o incidente da PetroquímicaSuape, quando os trabalhadores decidiram incendiar o alojamento depois que a greve foi declarada ilegal pelo TRT. Primeiro vamos dar esse tempo para que empresa e trabalhadores conversem, além de realizar essa nova audiência mais ampla”, pondera o procurador. A Odebrecht tinha solicitado ao Tribunal um parecer sobre a greve no Conest, mas a decisão do pleno vai ficar para a terça-feira da próxima semana, a partir das 9h.
Ontem, os operários do Conest chegaram a entrar no canteiro de obras, mas forma dispensados e voltaram para casa em ônibus disponibilizados pelo consórcio. Em comunicado à imprensa, o Conest informou que “a decisão foi pautada na prudência de não se tomar qualquer atitude precipitada que pudesse trazer novos conflitos para os trabalhadores”. Com a decisão, os 840 trabalhadores alojados, que não residem no Recife ou na Região Metropolitana, permanecerão em suas residências até serem convocados para retornar aos canteiros de obra.
Na tentativa de melhorar a interlocução com os operários, o Sintepav pediu ajuda da Confederação dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada. Ontem, o vice-presidente Adalberto Galvão participou da reunião no TRT e ficará no Estado até que o impasse seja resolvido.
Para o sindicalista, que também é presidente do Sintepav da Bahia, o fato de a Justiça ter sido acionada para resolver o problema entre empresa e trabalhadores é o maior indício da “falência” nas relações. “O que precisa ser dito é que os trabalhadores não são baderneiros. Eles estão buscando equidade. É o princípio da isonomia. Os 30% de periculosidade são pagos em outras obras no País”, afirma. No violento conflito da semana passada, o estopim da discussão ocorreu entre os operários e o sindicato. Ontem, uma comissão paralela, integrada por cinco trabalhadores ligados ao Movimento Lutas Populares (MLP) e ao Com Lutas, tentaram ser recebidos pelo procurador-geral do Trabalho, Fábio Farias, mas a reunião ficou para hoje, às 10h, no MPT.
Já as obras da Petroquímica Suape voltaram a normalidade ontem, depois de novas paralisações na quinta e sexta-feira passada.