A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) informou que o setor começou a cortar postos de trabalho, diante de um arrefecimento da atividade nas fábricas com o aumento das importações no país.
Um levantamento da associação mostra que foram eliminadas 2,32 mil vagas nos dois últimos meses de 2011, o que não impediu um crescimento de 3,6% na ocupação do setor em todo o ano passado.
Os cortes, segundo a Abimaq, estão relacionados à queda na produção da indústria de bens de capital mecânicos, cuja utilização de capacidade instalada ficou em 75,8% em janeiro, abaixo dos 79,2% de um ano antes e também inferior a patamares registrados nos piores momentos da última crise financeira internacional, que eclodiu em setembro de 2008.
Durante apresentação dos números à imprensa, Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, disse que não acredita em demissões em massa, mas que prevê a continuidade dos ajustes no quadro de funcionários, dada a tendência de retração de 20% na produção neste ano.
“O empresário está perdendo esperança de que vai ganhar competitividade”, comentou Aubert, em referência à perda de espaço para equipamentos importados em meio a um cenário de desvalorização do dólar.
Em 2011, o setor acumulou déficit comercial de US$ 17,88 bilhões, como resultado de importações de US$ 29,78 bilhões e exportações da ordem de US$ 11,9 bilhões. Mantidas as condições atuais de câmbio, juros, e demanda, a entidade acredita que esse saldo comercial poderá superar US$ 20 bilhões neste ano.
Na luta contra o aumento na entrada de máquinas asiáticas, a Abimaq chegou a pleitear ações de salvaguarda contra sete produtos da China - entre válvulas, chaves de fenda, caminhão guindaste e rolos compactadores -, mas por enquanto só conseguiu obter novo tratamento administrativo para válvulas solenóides e válvulas borboletas, que estão sujeitas agora a licenças não automáticas para entrar no Brasil.
A entidade quer estender as licenças prévias para um total de 800 produtos chineses que, na média, chegam ao país a um preço inferior ao custo de produção.
A China, que representava apenas 2,1% das importações de máquinas no Brasil há oito anos, passou a Alemanha em janeiro e se tornou a segunda maior fornecedora de maquinário, com 16,5% do total importado no primeiro mês do ano. Em valores, o número só fica atrás dos Estados Unidos, responsáveis por 23,7% das máquinas e equipamentos importados no Brasil.