Mão de obra

Liberdade para negociação melhora competividade

Marlos Melek, magistrado trabalhista do Paraná, argumenta que acordos legítimos entre empresas e empregados devem ser fortalecidos, cabendo ao Judiciário coibir eventuais abusos.

CNI/Redação
20/04/2016 17:58
Visualizações: 789 (0) (0) (0) (0)

A liberdade para empresas e empregados negociarem os termos dos contratos de trabalho, especialmente em momentos de crise, contribui de forma decisiva para melhorar a competitividade da economia brasileira. Na visão do juiz do Trabalho Marlos Melek, da 1ª Vara do Trabalho de Araucária e Campo Largo (PR), o Brasil deve valorizar a negociação coletiva como instrumento importante para se equilibrar a necessária proteção trabalhista com a sustentabilidade das empresas. “A convenção coletiva é absolutamente necessária porque dá liberdade às partes sem a interferência de um terceiro que diz o que é melhor para elas”, afirmou.

A valorização da negociação coletiva foi um dos temas abordados pelo magistrado, convidado da reunião mensal do Conselho de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta terça-feira (19). Segundo ele, não há retrocesso nos direitos e garantias do trabalhador quando empresas e empregados negociam, de forma legítima, alguma flexibilidade nas rotinas, como jornada ou local de trabalho (remoto ou home office). “Seria mesquinho dizer que afeta o direito trabalhista ou significa retrocesso”, argumentou.

Embora considere esses avanços necessários, Melek avalia que há uma ampla e complexa discussão ainda por fazer no país. “O Brasil precisa decidir o que quer: se vamos continuar tendo uma legislação positivada, isto é, leis escritas que regulamentam absolutamente tudo ou se precisa partir para um modelo de maior liberdade, com menos interferência do Estado, em que nós respeitamos mais o que as partes contratam”, disse. Para o magistrado é preciso “temperança e equilíbrio” ao se debater o modelo de relações de trabalho atual.

PAPEL DO JUDICIÁRIO – Melek sustenta que o Judiciário deve zelar pelo cumprimento das leis. “Os juízes sempre estarão atentos para coibir eventuais abusos que ocorram de uma parte ou de outra. O papel é de coibir os excessos, e não tentar regulamentar sobre tudo”, frisou. “Precisamos fazer com que os contratos tenham maior liberdade. Não cabe a um juiz, a um desembargador, a um ministro saber o que é melhor para você no seu contrato de trabalho.”

O magistrado criticou ainda a polarização do debate sobre a reforma trabalhista. Para ele, ela deve ser debatida e feita em paralelo com outras reformas estruturais, como a tributária e a política. "Quem fala em reformar o direito do trabalho no Brasil hoje é demonizado”, observou. Segundo Melek, a legislação precisa levar em conta a heterogeneidade da economia brasileira e seus reflexos nas relações do trabalho: as necessidades de trabalhadores de uma empresa instalada num grande centro urbano são distintas daquela com sede no interior e de outro setor da indústria, por exemplo.

O caminho, aponta, é ouvir as demandas de empresas e trabalhadores, buscando entender o que esperam das relações do trabalho e o que é possível fazer dentro do contexto econômico e geográfico de cada empresa. “Vamos perguntar para o trabalhador o que ele quer: mais liberdade ou rotinas rígidas? Vamos perguntar para as pessoas o que elas querem, o que sentem, o que precisam. E não eu como juiz ou um sindicato dizer o que é melhor para ela como se não tivesse nenhuma capacidade de pensar, de entender e compreender”, argumenta.

RAIOS-X – Em sua apresentação ao Conselho, o juiz trabalhista fez uma radiografia das demandas judiciais enfrentadas por empresas na Justiça do Trabalho, reunidas em um livro recém lançado por ele. Entre as 40 mais comuns descritas, estão a cobrança de horas não compensadas, irregularidades na concessão de férias, atrasos em pagamentos em verbas rescisórias e casos de dano moral.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Combustíveis
Fiscalização: ANP realiza novo debate sobre medida repar...
27/06/25
Margem Equatorial
Capacidade de inovação da indústria de O&G impulsiona es...
27/06/25
Biocombustíveis
Sifaeg comemora aprovação do E30 e destaca ganhos para o...
27/06/25
Transição Energética
Sebrae Rio promove Seminário sobre Transição Energética ...
27/06/25
Austral Engenharia
Austral Engenharia aposta em eficiência energética e sus...
27/06/25
Asfalto
Importação de asfaltos: ANP prorroga data para adequaçõe...
27/06/25
Gás Natural
Comgás recebe 41 propostas em chamada pública para aquis...
27/06/25
Offshore
Petrobras assina convênio para desenvolver operações off...
27/06/25
RenovaBio
ANP publicará lista de sanções a distribuidores de combu...
26/06/25
Logística
Gás natural: a ANP fará consulta pública sobre Plano Coo...
26/06/25
Transição Energética
ENGIE Day celebra 10ª edição com debates sobre regulação...
26/06/25
PPSA
Leilão da PPSA comercializa 74,5 milhões de barris de pe...
26/06/25
Combustíveis
Governo aprova aumento de etanol na gasolina de 27% para...
26/06/25
Royalties
Valores referentes à produção de abril para contratos de...
26/06/25
Margem Equatorial
Em Belém, presidente do IBP defende pesquisas na Margem ...
26/06/25
ANP
Publicado edital do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2025
26/06/25
Leilão
PPSA espera uma arrecadação potencial de R$25 bilhões n...
25/06/25
Combustíveis
ICL alerta para riscos à qualidade dos combustíveis com ...
25/06/25
Oportunidade
CNPEM e USP fazem acordo para oferecer bolsas a pesquisa...
25/06/25
Transpetro
Transpetro reforça investimentos em frota, eficiência e ...
25/06/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Zinga Metall Brasil participa do Bahia Oil & Gas Energy ...
25/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22