Jornal do Commercio
Mais uma vez os produtos chineses são o centro da reclamação de empresários e o alvo da fiscalização do governo. Por trás da declaração feita na segunda-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, de que empresas brasileiras estão comprando máquinas no exterior e trocando a placa com a descrição da origem do produto, está a denúncia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) de que muitas empresas estão comprando bens de capital da China e revendendo como produto nacional.
O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, levou esta informação ao governo há duas semanas. Ontem ele disse que muitos equipamentos comprados pela Petrobras, por exemplo, não são de origem nacional, embora a estatal não tenha conhecimento disso. “A Petrobras acha que paga para uma empresa no Brasil, mas está comprando lá for a”, afirmou. Ele denunciou também que estaleiros estão construindo embarcações com peças importadas. “Viramos funilaria de navio. Onde agrega valor, não fazemos nada”, disse.
Miguel Jorge disse ser inaceitável este procedimento e afirmou que Receita e Ministério do Desenvolvimento agirão duramente contra essas empresas.
Segundo Aubert Neto, o processo de substituição de produtos nacionais por importados da China está cada vez mais forte. “O câmbio é mortal para nós”, afirmou, referindo-se à valorização do real frente ao dólar. “Está havendo um processo de desindustrialização no Brasil.”
China ameaça futuro de estaleiros do Japão
Os estaleiros japoneses deverão abandonar de vez as suas atividades dentro de uma década, uma vez que as construtoras chinesas de navios, cujos custos com mão de obra são menores, atraem mais trabalho, informou ontem Pankaj Khanna, principal executivo de operação da DryShips. As estatísticas atuais mostram crescimento acelerado da participação chinesa na indústria de construção naval. China, Coreia do Sul e Japão responderam por 91% do mercado global no ano passado, segundo dados de Doug Mavrinac, analista lotado em Houston, nos Estados Unidos, da Jefferies & Co. A produção total de navios no mundo este ano deverá chegar a 156,9 milhões de tonelagem, segundo estimativas do setor.
“Acredito que os estaleiros chineses vão acabar levando os japoneses a abandonarem a atividade”, disse Khanna na semana passada, durante a conferência anual Marine Money, realizada em Nova York. “Creio que os estaleiros japoneses encerrarão suas atividades dentro de cinco a 10 anos”, disse
O Japão, que já foi o país que mais construía navios do mundo, agora está em terceiro lugar, superado pela Coreia do Sul e China. Sua parcela no volume de navios produzidos na Ásia caiu de mais da metade em 1999 para 21% este ano. Entre as indústrias navais japonesas destacam-se a Kawasaki Heavy Industries Ltd., a Mitsubishi Heavy Industries Ltd. e a Mitsui Engineering & Shipbuilding Co.
Alan Ginsberg, principal executivo financeiro da Eagle Bulk Shipping Inc., disse na Marine Money que, dos 22 pedidos de navios do tipo Supramax recebidos pela sua empresa, apenas dois serão construídos no Japão e os outros 20, na China.
Takao Motoyama, presidente da Associação de Estaleiros do Japão, formada por 20 empresas, disse em 16 de junho que os pedidos podem cair para menos da metade neste ano fiscal, uma vez que a desaceleração da economia global obriga os armadores a cancelarem ou adiarem as compras.
O Japão conseguiu chegar ao primeiro lugar no cenário mundial de estaleiros na década de 1970, depois perdendo posições para os vizinhos asiáticos. A evolução japonesa ocorreu logo após a Segunda Guerra Mundial. A Coreia do Sul teve seu grande crescimento na década de 1980, onde sua participação mundial saltou de 8% para quase 30%. A China, por sua vez, teve seu rápido crescimento e assumiu a liderança mundial em números de navios construídos e de faturamento após a abertura do mercado chinês para o mundo.
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