Redação TN Petróleo/Assessoria
A contribuição dos agentes do setor de energia para um "Futuro com menos CO2" e mais sustentável foi o tema do segundo painel de discussão no evento realizado pelo American Petroleum Institute (API) e pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) na manhã de terça-feira (13/06). Fernanda Delgado (foto), Diretora Executiva Corporativa do IBP, mediou o painel que contou com a participação do presidente da ExxonMobil no Brasil, Alberto Ferrin; da SVP & Country Manager Brazil da Equinor e Mike Sommers, CEO do API.
"Como vamos descarbonizar o mundo a um custo acessível?", indagou a moderadora aos representantes das duas empresas de atuação global e que estão em solo brasileiro há muitos anos. "Como a ExxonMobil está trabalhando para alcançar a descarbonização e como o Brasil se posiciona estrategicamente no portfólio da Exxon?", perguntou Fernanda.
Alberto Ferrin, da ExxonMobil, reafirmou o compromisso da empresa — há 111 anos no Brasil — com a entrega de produtos relacionados a energia para a sociedade, assumindo o compromisso de seguir neste propósito, com vista a um futuro "Net Zero".
"Queremos não apenas acelerar essa transição, mas estamos nos preparando para liderar esse movimento. Estruturamos a empresa para ser capaz de navegar rumo a transição energética de forma bem-sucedida, trazendo valor para os acionistas. Mas a transição energética depende de muitas coisas, como avanços tecnológico, apoio de políticas governamentais claras e consistentes. Nós estamos nos posicionando de forma a sermos capazes de sermos flexíveis para competir e sermos bem-sucedidos em qualquer que seja o cenário até o fim da transição energética, o que já digo, isso é difícil de prever, devido a série de variáveis das quais isso depende.", explicou Ferrin.
Ferrin acrescentou que a ExxonMobil está estruturada em três pilares: ExxonMobil Upstream Company, ExxonMobil Soluções de Produtos e ExxonMobil Soluções de Baixo Carbono. O primeiro é o upstream, que é o negócio tradicional de óleo e gás. O segundo pilar são as soluções de produtos químicos e downstream. E o terceiro pilar, implementado em 2021, foi projetado para comercializar produtos energéticos de baixo carbono, como combustíveis de baixo carbono para o transporte comercial, incluindo aviação e marítimo.
"Temos o compromisso de investir US$ 17 bilhões até 2027 na redução das emissões de gases. Acreditamos que o trabalho começa em casa. Temos planos específicos de descarbonização para todos os nossos ativos. E já estamos fazendo progressos significativos. Implantamos novas tecnologias e reduzimos a intensidade das emissões de metano de nossos ativos operacionais em mais de 40% comparado a 2016."
Ferrin acrescentou que a ExxonMobil vem trabalhando para comercializar soluções de baixo carbono que possam ser implantadas amplamente em todo o mundo, concentrando os esforços em CCS, hidrogênio e biocombustíveis:
"Vemos essas tecnologias como chave para reduzir as emissões nos setores de transporte comercial, geração de energia e indústria pesada. E nós trazemos uma vantagem competitiva central que é o gerenciamento e transformação de moléculas de hidrogênio e carbono. Mas essas oportunidades precisam ser economicamente viáveis, ter a escala certa para possamos de fato não apenas contribuir para um futuro Net Zero, mas também para a economia.", ponderou.
Os investimentos direcionados à descarbonização também contemplam o Brasil, acrescentou Ferrin:
"Investir em tecnologia está no nosso DNA. Ficamos impressionados com a qualidade da pesquisa que está sendo conduzida aqui no país. Planejamos monitorar de perto o desenvolvimento de políticas que precisaremos, para poder criar mercados e investir a longo prazo.", pontuou.
Em prosseguimento ao debate, a diretora do IBP, citou a Equinor como uma empresa líder do setor de petróleo na transição energética, e indagou a Veronica Coelho, de que forma, considerando a demanda crescente e a escassez de energia no mundo, qual o caminho rumo ao futuro Net Zero. E como os investimentos em energia eólica offshore se encaixam neste contexto?
"Em 50 anos, a Equinor desenvolveu um portfólio que nos colocou em posição de demonstrar que somos uma empresa confiável e sustentável no fornecimento de petróleo e gás. Hoje nos tornamos o maior fornecedor de gás para a Europa. Isso não foi da noite para o dia, mas sim por meio de um trabalho sistemático e muito disciplinado ao longo dessas cinco décadas.", respondeu Verônica.
A executiva explicou que a Equinor sempre teve o foco em otimizar suas operações. "Temos orgulho em dizer que nossa média de emissões em nossos ativos é de menos de nove quilos de CO2 por barril produzido. Enquanto a média da indústria está em torno de 18 quilos por barril. E temos a responsabilidade de continuar nessa trilha, porque nosso compromisso, como o de muitos outros, é ser Net Zero em 2050. Mas o desafio ainda é muito grande porque o próximo quilo de CO2 é mais difícil de reduzir dado o que tem sido até agora. E vai exigir muita disciplina e trabalho. Nossa estratégia daqui para frente é também continuar a liderar nessa transição é ter um portfólio otimizado de petróleo e gás.", completou.
Na Noruega, o ciclo produtivo conta com um incentivo governamental para a redução da emissão de gases, acrescenta Verônica:
"É justo dizer que na Noruega, onde o imposto de CO2 é muito alto, temos incentivos para realmente investir na redução de nossas emissões e assim evitar o custo tributário muito alto. Mas não fazemos isso apenas na Noruega. Levamos isso para onde quer que tenhamos ativos em operação. E estamos fazendo isso aqui no Brasil, onde estamos produzindo de forma recorde. O Campo de Peregrino onde, depois de mais de 10 anos de operações, foi interrompido em abril de 2020. Desde então, a Equinor executou um extenso programa de manutenção, atualizações e reparos. Hoje, reduzimos mais de 50% das emissões do campo".
Os investimentos em energias renováveis também colocam a Equinor em posição de liderança neste segmento, conforme ressalta Verônica:
"Estamos na frente nessa corrida pela redução de emissões. E há coisas que já estamos implementando em cooperação com os governos e a sociedade em geral, trazendo todas as soluções que o contexto e a infraestrutura permitem. Temos desenvolvido agora por mais de uma década energia eólica offshore. Isso nos dá o conhecimento e a capacidade de que precisamos para implantar novas usinas de energia, usinas eólicas offshore, em todo o mundo. E estamos construindo o maior parque eólico offshore na costa do Reino Unido para fornecer energia por lá. Também temos projetos na Costa Leste dos EUA, na Califórnia, e em muitos outros locais. Isso vem sendo feito com base na capacidade que desenvolvemos ao longo dessas cinco décadas na construção de grandes projetos de engenharia offshore, implantando nossa competência nisso e levando-a também para novas cadeias de valor."
Para retratar o cenário do futuro baseado na descarbonização, o CEO do API, Mike Sommers, lembrou o passado recente, de forma a ilustrar a crescente demanda por consumo da energia pelo Homem:
"É uma honra de estar aqui no Brasil, que será parte importante no futuro da energia mundial. Mas eu quero recuar um pouco no tempo. Antes da pandemia, o mundo consumia 100 milhões de barris de petróleo todos os dias. Quando atingimos a pior parte da pandemia, o consumo caiu para 81 milhões de barris de petróleo diariamente. À época, todas as economias ocidentais estavam em 'lockdown'. Ninguém se deslocava para o trabalho e o mundo ainda consumia 81 milhões de barris por dia. O mundo consumirá 102 milhões de barris por dia este ano. Portanto, a demanda por nossos produtos só aumenta, só vai aumentar com o tempo. Então não falo de "transição energética", falo principalmente de uma "evolução energética" ao longo do tempo.".
Historicamente, ele disse, não fizemos a transição de um tipo de energia para outro. O único produto que o mundo parou de usar coletivamente foi o óleo de baleia. E por que fizemos essa transição? Por causa da descoberta do petróleo.
"O mundo continuará a usar muito petróleo e gás no futuro. Na década de 1960, passamos para o carvão, para o petróleo e o gás como fonte primária de energia. Mas a verdade é que, em 2022, usamos mais carvão do que em anos anteriores. E em 2023, usaremos mais carvão do que em 2022, porque o mundo continuará a demandar mais energia, e não menos. Então, qual será a transição? Acredito que será uma transição de barris de alto carbono para barris de baixo carbono.", disse.
O Brasil estará na vanguarda desse movimento, na visão de Sommers. O país tem um dos barris de mais baixo carbono do planeta, e é por isso que o Brasil vai desempenhar um papel tão significativo no futuro energético global. E isso também vale para os Estados Unidos.
"Nosso desafio, como indústria, é continuar inovando e desenvolvendo novas tecnologias para reduzir a emissão de nossos barris e nossa produção de gás natural. Em 20 anos, teremos uma demanda ainda maior. A única questão será: onde vamos conseguir esses barris? Queremos obtê-los de lugares focam no desempenho ambiental. Essa é a única pergunta que os legisladores devem fazer, tanto nos Estados Unidos quanto aqui no Brasil. Precisamos incentivar o desempenho ambiental por meio de reduções de metano e, ao mesmo tempo, garantir que continuemos a produzir o menor carbono possível.", concluiu.
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