Jornal do Commercio
O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, acredita que o Brasil deve sofrer mais com os efeitos da crise. “Talvez o grau de severidade não seja de tal dimensão, mas certamente muito mais severo do que aquilo que até agora aconteceu”, avaliou. “A sintomatologia (da crise) se reproduz em todos os países. Porque não vai acontecer aqui?”, questionou.
“O pior está começando”, apontou Francini. Ele vê o risco real de aumento do protecionismo, seja por parte da países, seja de empresas. “Mas a atitude de máxima proteção individual concorre para o suicídio coletivo”, alertou na reunião da Fecomercio-SP. Ele afirmou em seguida que se os bancos, por exemplo, tomarem medidas protecionistas - como a diminuição na concessão de crédito - isso levará inevitavelmente ao aumento da inadimplência. “Instituição financeira que não dá o crédito está promovendo, com a sua atitude de autoproteção, uma atitude de desorganização e de crescimento da inadimplência”, destacou.
Francini acredita que quando a crise passar, as economias e o sistema financeiro terão de se reestruturar. Neste momento, o economista vê uma “real oportunidade” para o País. “O mundo vai se dirigir muito mais para o real, ao invés do fantasioso, especulativo. A reprodução do capital vai se dar mais em cima da riqueza e da economia real do que meramente da manobra financeira”, apontou. Em sua visão, o Brasil está bem posicionado para enfrentar essa revisão de valores e poderá ganhar com este novo momento.
Fale Conosco