Jornal do Commercio
Após atingir seu pior momento em fevereiro, o mercado de resinas termoplásticas demonstrou recuperação em março; movimento que, segundo o presidente da Quattor, Vitor Mallmann, prossegue em abril e maio. "Vi consistência no mercado nesses meses e estou otimista. Deverá haver retomada de demanda", disse. Do primeiro trimestre para os meses de abril e maio, as margens na Europa cresceram 8,6%, com preços em US$ 441 por tonelada, e 1,4% nos Estados Unidos, em US$ 1.051 por tonelada.
Com a recuperação de preços no mercado internacional, as exportações da Quattor cresceram 116% do último trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano, alcançando a fatia recorde de 40% das vendas físicas. Segundo Mallmann, esse percentual teria sido ainda maior se a empresa já estivesse utilizando o gás de refinaria da Quattor Químicos Básicos (antiga PQU), que apresentou vantagem em termos de custos variáveis no período em relação ao nafta.
"A elevação do preço da nafta comprometeu a competitividade do cracker base nafta frente à rota gás (etano/propano)", disse. O preço da nafta subiu 5% entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano, para US$ 382 a tonelada, enquanto o preço do etano/propano caiu 15% na mesma base de comparação, para US$ 292 a tonelada. A previsão de Mallmann é de pequena redução na fatia de exportação neste ano, dada a recuperação do mercado interno.
dólar não atrapalha. Para o executivo, a queda na cotação do dólar não será determinante para as exportações, uma vez que elas estariam mais ligadas a custos entre o que se gasta na compra da matéria-prima e a quanto se vende a resina, cujos preços são referenciados em dólar. "Ou seja, o dólar ruim traz menos retorno para as exportações, mas não altera a decisão de exportação", explicou.
Com isso, a controladora Unipar conclui o plano de investimento de R$ 2,723 bilhões do período de 2005 a 2009, dos quais R$ 2,420 bilhões aplicados nas empresas Quattor. Sobre o novo plano, Mallmann limitou-se a informar que ainda não há nada aprovado. "Agora, temos que demonstrar para o acionista o retorno do investimento. A conclusão do investimento não é a realização".
Por ora, a companhia debruça-se sobre novo financiamento bancário para substituir dívida da Quattor Petroquímica, de US$ 180 milhões em linha do IFC (braço privado do Banco Mundial), e da Rio Polímeros, de US$ 650 milhões. Ambas custam cerca 3% mais Libor e têm prazo entre três anos e quatro anos. Mallmann disse já ter precificação de nova linha, mas não revelou as condições.
O equacionamento da dívida antiga abre espaço para a integração das empresas da Quattor, o que irá gerar créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A primeira integração entre a Polietilenos e a Quattor Químicos Básicos deverá ocorrer até junho e irá gerar cerca de R$ 90 milhões em crédito de ICMS.
Até o final do ano, será feita a integração com a Quattor Petroquímica, que tem outros R$ 150 milhões em estoque de créditos desse imposto. E, possivelmente em 2010, ocorrerá a última integração com a Rio Polímeros. Além da substituição de dívida, a empresa também pode optar por pré-pagamento da mesma. A expectativa é que os quatro ativos juntos passem a chamar apenas Quattor, com filiais na região do ABC em São Paulo, em Cubatão, em Camaçari e no Rio de Janeiro. As empresas já geram sinergias de R$ 75 milhões por ano para a Unipar, informou Mallmann.
Outra frente de batalha em andamento na Unipar é a negociação com a Petrobras acerca da nova fórmula de preços no contrato de fornecimento de nafta. A concorrente Braskem fechou nova fórmula com a estatal no início deste mês. "Temos negociado nova fórmula que traduza melhor a dinâmica do mercado atual. A fórmula anterior foi acordada quando a nafta e o petróleo eram importados e hoje essas duas condições não se aplicam mais ao Brasil, que é autosuficiente em petróleo", afirmou. Mallmann não informou quando as negociações com a Petrobras deverão ser concluídas. A empresa compra todo o seu consumo de nafta da Petrobras, que é de 2,3 milhões de toneladas por ano.
Atualmente, a Quattor opera com mais de 90% de sua capacidade e seus estoques já caíram do patamar de 45 dias verificado no auge da crise para pouco mais de 30 dias atualmente.
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