Prejuízo

Sem dragagem, portos saem da rota de negócios

<P>A degradação da infraestrutura marítima, provocada pela falta de investimentos na dragagem dos canais de acesso, tem excluído alguns portos brasileiros da rota dos grandes navios. Sem profundidade adequada para garantir a segurança das embarcações, eles estão sendo substituídos por outro...

O Estado de S. Paulo
11/05/2009 00:00
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A degradação da infraestrutura marítima, provocada pela falta de investimentos na dragagem dos canais de acesso, tem excluído alguns portos brasileiros da rota dos grandes navios. Sem profundidade adequada para garantir a segurança das embarcações, eles estão sendo substituídos por outros terminais e perdendo cada vez mais importância econômica. Na lista dos mais prejudicados, estão Itajaí, Cabedelo, Vitória e os terminais baianos, entre outros.

Nos grandes portos, como Santos, Paranaguá e Rio Grande, as limitações ainda não afugentaram os armadores, mas têm exigido uma verdadeira ginástica na manobra dos navios. Em alguns casos, a movimentação de entrada e saída das embarcações obedece ao regime de marés. Além disso, dependendo do tamanho, muitas não podem ser carregadas até o seu limite, sob risco de ficarem encalhadas no porto.

Foi para eliminar esses gargalos que o governo federal lançou em dezembro de 2007 o Programa Nacional de Dragagem (PND) para aprofundar o calado dos portos. O objetivo é preparar o País para as novas gerações de navios, que ficam cada vez maiores para reduzir o custo do transporte. Mas até agora só Recife e Itaguaí começaram os serviços de dragagem. Outros 15 terminais aguardam a licitação e início dos trabalhos.

Entre eles está o Porto de Cabedelo (PB), terminal que já foi um dos mais importantes do Nordeste e hoje vive sob constante ameaça de paralisação. Há problemas por todos os lados. Os equipamentos são obsoletos, as defensas (que absorvem o impacto dos navios na atracação no cais) precisam ser substituídas e a profundidade do canal, numa maré privilegiada, fica entre 8,5 e 9 metros, destaca o presidente do porto, Wagner Breckenfeld.

O resultado de tantas limitações não poderia ser diferente. Hoje o porto recebe, em média, dez navios (de pequeno e médio porte) por mês. Ou seja, está praticamente parado. Segundo Breckenfeld, que culpa os administradores passados pela decadência do terminal, o PND deve elevar a profundidade do canal para 11 metros até abril de 2010, o que pode melhorar a competitividade do porto.

Ainda assim será difícil concorrer com os portos vizinhos de Suape (Pernambuco) e Pecém (Ceará), que estão no seleto grupo de terminais capazes de receber os maiores cargueiros do mundo, os chamados Post Panamax. Com profundidade acima de 16 metros, eles abocanharam uma fatia expressiva de cargas exportadas pelos demais portos nordestinos, como os da Bahia. Apesar da distância, muitos exportadores de frutas do Vale do São Francisco preferiram trocar o Porto de Salvador, cujo calado varia entre 10 e 12 metros, por Suape.

A migração, no entanto, não é particularidade dos terminais do Nordeste. Em Santa Catarina, o Porto de Itajaí, que já convivia com problemas da baixa profundidade do canal de acesso, teve sua movimentação drasticamente reduzida por causa das enchentes do ano passado. Segundo o superintendente do porto, Antônio Ayres, a situação exigiu uma dragagem emergencial para restabelecer os padrões de navegabilidade do complexo portuário.

Apesar disso, os navios não podem sair totalmente carregados. Em 2008, diz Ayres, conseguia-se operar 800 contêineres por atracação. Hoje, esse número não passa de 450. Por causa disso, os navios estão procurando outros portos, como Paranaguá, Imbituba e Rio Grande. Além da dragagem emergencial, o porto também será contemplado no PND, mas o início das obras está previsto apenas para fevereiro de 2010. A dúvida é saber se Itajaí conseguirá recuperar o tempo perdido.

Situação semelhante vivem os operadores do Porto de Vitória, que nos últimos anos tem sido substituído por Santos e Rio de Janeiro. Os armadores (donos de navios) abandonaram Vitória. Hoje temos apenas um a empresa atendendo ao porto, mas a um custo muito maior que nos demais terminais, reclama o diretor do Sindicato dos Operadores Portuários do Espírito Santo, Pedro Paulo Fatorelli.

O que nos interessa é sair cheio do porto, diz o vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), Roberto Gali. Para ele, parte dos terminais do País precisa repensar sua vocação. Alguns portos tendem a virar terminais de passageiros ou pontos históricos.

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