Crise

Um terço dos pequenos fechou as portas na crise da Petrobras

DCI, 05/07/2018
05/07/2018 20:16
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Após a profunda crise que atingiu a indústria de óleo e gás nos últimos anos no Brasil, 30% a 40% das pequenas e médias empresas da cadeia fecharam as portas, estima a KPMG. No entanto, diante de uma nova fase de investimentos no setor, sobreviverão apenas aqueles que enxugaram estrutura e investiram em produtividade.

Segundo levantamento da KPMG, feito a pedido do DCI, das 61 empresas de exploração & produção (E&P) que atuam na indústria de petróleo do Brasil, 51 são de pequeno porte. "As grandes companhias do setor não quebraram na crise principalmente porque tinham o apoio de suas matrizes. Mas as locais não aguentaram", afirma o sócio de óleo e gás da KPMG, Anderson Dutra.

Conforme o levantamento da consultoria, a grande maioria das empresas que atuam no segmento de E&P no País é brasileira - 28 mais precisamente. Já na cadeia de fornecedores, entre nacionais e estrangeiras, o número de companhias chega a aproximadamente três mil, incluindo comércio, serviços e outros segmentos.

"Muitas empresas de pequeno porte dependem diretamente do setor de óleo e gás, sem contar os grandes polos como Macaé e Campos [dos Goytacazes, no Rio]", acrescenta Dutra.

Para o diretor da consultoria Ramboll do Brasil, Eugenio Singer, a queda da demanda do setor, resultante dos problemas da Petrobras, impactou muito a indústria. "A cadeia de fornecedores continua retraída como um todo e alguns investimentos estão represados, inclusive as consultas para estudos ambientais caíram nos últimos anos". Ele salienta que até as multinacionais sofreram na crise recente. "A diferença foi o apoio das matrizes."

Raio-x Perspectivas

Diversos países compõem o capital das empresas de E&P no Brasil, com os Estados Unidos capitaneando a lista. Mas a variedade é extensa. "Só sobrevivem aqueles que têm competitividade, independentemente da nacionalidade", pontua Dutra.

A cadeia de fornecedores de óleo e gás no País contém milhares de empresas de comércio, serviços, engenharia, transporte, logística, entre outros. Conforme o levantamento da KPMG, aquelas classificadas no segmento de "comércio" são fornecedoras de diversos insumos para a indústria, incluindo aço, químicos, tintas e extintores, por exemplo.

Em logística, estão contemplados tanto afretadores de barco para o supply chain da cadeia como empresas de logística em geral e transporte de passageiros. Já as de serviços englobam desde as grandes parapetroleiras, como Schlumberger, Halliburton e Baker, até alimentação, manutenção predial, entre outros.

Segundo o sócio da KPMG, mais de 50% da mão de obra da cadeia está com os pequenos e médios. Grandes polos se formaram no entorno das cidades que encabeçam os principais projetos da indústria, especialmente na camada pré-sal.

Com um cronograma mais definido de leilões, as empresas têm conseguido previsibilidade para investir e planejar, diferentemente dos últimos anos. Dutra lembra da crise que se instalou na cadeia da Petrobras desde 2014 até meados do início de 2017, quando ocorreu o fenômeno das "cidades-fantasmas".

"Municípios como Macaé tiveram problemas que se estenderam até pequenos comércios como restaurantes. Alguns hotéis fecharam as portas."

O diretor da RTA Consultoria, Vanderlei Oliveira, conta que há alguns anos a Bacia de Santos (SP) se tornou a mais promissora no segmento do pré-sal. "Não só as empresas de E&P elevaram a demanda do setor, mas comércio e serviços indiretos, como hotelaria e escolas de curso superior", detalha.

No entanto, com a crise da Petrobras, o consultor relata que empresas e associações de toda a Baixada Santista fecharam as portas. "A demanda não veio conforme o esperado."

Oliveira pondera, contudo, que os negócios na indústria do petróleo já voltaram a crescer na região da Baixada Santista, até porque recentemente a Bacia de Santos ultrapassou a de Campos em volume de produção na camada pré-sal.

"Os leilões que vêm sendo promovidos na área têm mudado de forma positiva a região", afirma o consultor. "Os projetos estão começando a voltar e já temos recebido consultas de empresas que fornecem para a cadeia da Petrobras", detalha.

Os especialistas da área apontam ainda para o potencial dos leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em alto-mar (offshore) e em terra (onshore). De acordo com o sócio da KPMG, o Brasil é altamente promissor inclusive em áreas terrestres.

O executivo da Ramboll alerta ainda para a demanda de desmonte das plataformas offshore em idade avançada - o chamado descomissionamento -, que deve aumentar nos próximos anos. "Para esta tarefa, uma normatização está sendo estabelecida pela ANP. Uma vez concluída, vai ocorrer uma movimentação importante na cadeia de óleo e gás", destaca.

Segundo Singer, atualmente cerca de 120 plataformas já estão com idade avançada no Brasil e precisariam passar pelo descomissionamento. "Os valores para esse tipo de serviço são muito altos". Ele cita como exemplo o processo recente de desmonte de plataformas na região do Mar do Norte, onde foram consumidos em torno de US$ 120 bilhões.

"No Brasil, estimamos que cerca de US$ 20 bilhões seriam necessários para este fim."

Na visão do diretor da Ramboll, a retomada consistente do setor de óleo e gás no Brasil deve acontecer em cerca de três anos. "As empresas que sobreviveram estão mais enxutas e eficientes e dessa vez devem diversificar o foco", analisa Singer.

Já o analista da RTA se mostra mais otimista. "Os investimentos na indústria de óleo e gás são muito altos e de longo prazo. Os projetos começaram a voltar e a estrutura dos grandes polos como da Bacia de Santos já está montada", avalia Oliveira. "As empresas virão mais cautelosas e o crescimento deve ser mais sustentável", complementa.

O sócio da KPMG comemora principalmente o maior número de operadoras no pré-sal. "Cada empresa que chega ao País traz uma estratégia de aplicação dos recursos e o seu know-how, o que deve influenciar de maneira positiva a cadeia local", assinala Dutra.

 

 

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