Redação TN Petróleo/Assessoria
Fornecedora de tecnologia nacional de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para o agronegócio, a startup brasileira Fine Instrument Technology (FIT) inseriu, recentemente, as indústrias do petróleo, cimento e petroquímica em sua lista de prioridades. Em parceria com o Laboratório de Espectroscopia de Alta Resolução por Ressonância Magnética Nuclear (LEAR), do Instituto de Física de São Carlos – USP (IFSC/USP), a startup desenvolveu o equipamento SpecFIT-DC (DC, do inglês Dynamic Complexity), dedicado a análises de meios porosos ou que apresentam complexidade dinâmica, como blendas poliméricas.
Para a indústria do petróleo, o equipamento de RMN permite realizar medidas de tamanhos de poros, porosidade e coeficientes de difusão, bem como características da interação do petróleo ou CO2 com as paredes dos poros das rochas reservatório, favorecendo uma estimativa da viabilidade econômica de exploração de petróleo ou da capacidade de armazenamento de CO2 de uma formação rochosa, ação de relevância ambiental.
Quanto menores forem os poros da rocha e quanto menor a difusão entre os poros, mais difícil e oneroso será extrair o petróleo da rocha", explica o CEO da FIT, Daniel Consalter. "A microestrutura e as propriedades físicas dos meios porosos são questões de alta relevância na indústria do petróleo", complementa.
O CEO da FIT destaca que a rapidez das análises e utilização simplificada são outros aspectos relevantes do equipamento desenvolvido em parceria com a USP. "O SpecFit-DC contribui ao determinar os parâmetros de forma precisa e limpa, sem utilizar reagentes químicos em suas análises. Outros métodos tradicionais demoram dias e requerem produtos poluentes como mercúrio, além de demandarem mão de obra especializada", afirma.
Para o professor do IFSC/USP e coordenador do LEAR Tito José Bonagamba (foto) a parceria com a FIT fortalece o esforço necessário de transferência de conhecimento científico e estimula a inovação para o desenvolvimento da sociedade por parte das universidades. "A conexão entre universidades e empreendedores é um dos pilares fundamentais para a entrega de valores para a sociedade, em prol do seu desenvolvimento social e econômico. A indústria e a sociedade brasileira podem dar um salto muito grande se apropriadamente aproveitarem o conhecimento gerado na academia, com sua transferência para empreendedores colaboradores", afirma
De acordo com o professor, parcerias de sucesso estão progredindo no Brasil através das intensas ações dos Núcleos de Inovação das Universidades e dos Institutos de Pesquisa, entre os quais a Agência USP de Inovação (AUSPIN) e os Centros de Inovação da USP (InovaUSP), estruturas criadas com esta finalidade
O professor Bonagamba, que também coordena o InovaUSP-Complexo São Carlos, destaca que o equipamento nacional apresenta benefícios econômicos na aquisição e na manutenção para todos os usuários, tanto da indústria quanto da academia. Além disso, conta com a parceria da comunidade acadêmica local que atua na área de RMN para auxiliá-los no melhor emprego do SpecFit-DC em seus estudos. "É um equipamento brasileiro que está ao alcance das nossas indústrias, universidades e instituições de pesquisa".
Segundo a FIT, o equipamento pode chegar a um valor cerca de 50% mais barato do que aparelhos similares importados vendidos no país.
O primeiro equipamento já disponibilizado está sendo intensamente utilizado para análises na USP, com foco em um grande setor industrial brasileiro e disponível para utilização das empresas e grupos de pesquisa interessados.
Rochas: reservatórios de CO2
Diante das mudanças climáticas globais, participar efetivamente do mercado de carbono se converteu em um imperativo para a indústria de petróleo, que se esforça na condução de projetos de armazenamento de CO2 em rochas reservatório. "Hoje não devemos somente nos preocupar em frear a emissão de CO2, mas também é preciso dar um destino célere e eficiente ao CO2 que já se encontra na atmosfera". Rochas reservatório podem se tornar reservatórios importantes de CO2 devido às suas significativas porosidades e capacidades de aprisionamento. Para compreender o espaço existente nas rochas para o chamado "Sequestro Geológico de CO2", o SpecFit-DC cai como uma luva feita no Brasil, avalia Tito Bonagamba. "Nossos estudos e parcerias estão contribuindo para a futura descarbonização do ambiente, podendo auxiliar a indústria do petróleo brasileira a se colocar na urgente rota da economia de baixo carbono", conclui o professor.
Já Consalter afirma que o SpecFIT DC abre, além de novas possibilidades de análises, é um modelo inovador de negócio. "Como podemos medir a capacidade de armazenamento de CO2, o SpecFIT-DC abre as portas da FIT ao mercado de banco de carbono".
Fale Conosco
20