Redação / Assessoria
Marlos de Souza, diretor de planejamento e políticas da bacia hidrográfica de Murray-Darling, na Austrália, contou no VI Seminário de Gestão de Água na Indústria da Firjan como esse país enfrenta a escassez contínua de água. Na Austrália, o controle do uso da água é rigoroso e o governo investe muito em planejamento e campanhas que mudaram o comportamento da população. Durante a seca do milênio, não se podia lavar carro nem com balde. Quem consume água acima da média estabelecida paga mais caro. O seminário aconteceu na tarde de quinta-feira, dia 26 de março.
“Muitas ações implentadas lá são factíveis de serem aplicadas no Brasil. Falta interesse político e engajamento da população”, ensinou Marlos. Ele conta que quando os reservatórios de água chegaram a 32% em Melbourne foi quase uma calamidade pública. Os da Bacia do Paraíba do Sul estão em 13,9%, mas desceram a 0,33% em fevereiro.
Souza, que é brasileiro, vive há 15 anos na Austrália. “Os australianos fazem planejamento para vários cenários de escassez e implementam as medidas”, contou. Ele enfatizou a importância dos programas de governo. “Mas para cobrar eficiência do cidadão, o governo tem que ser eficiente”, afirmou. Segundo ele, o índice de perdas na rede de abastecimento na Austrália oscila entre 9% e 12%. O da Sabesp, informou ele, é de 32%.
O especialista citou várias ações tomadas pelo estado de Vitoria: há aplicativo para celular em que o cidadão acompanha em tempo real o nível dos reservatórios; moradores receberam ampulheta de quatro minutos para controle do tempo de banho; o governo ressarce quem investe em um sistema doméstico de captação de água da chuva. “A visão do australiano é econômica. Cada gota é um bem econômico”, completou.
Ele relatou também que o governo estimula as indústrias a ter mais eficiência no consumo de água: “O governo envia um consultor para ensinar a economizar”. Souza recomendou: “Usem a crise de forma oportunista, tragam os players para sentar e agir juntos”.
Na abertura do evento, Isaac Plachta, presidente do conselho empresarial de Meio Ambiente, defendeu que a “população e empresas devem ser francamente informadas e estimuladas a usar água de forma mais racional”.
Pesquisa revela que crise hídrica já afeta empresas do Rio
Plachta lembrou que pesquisa da Firjan revelou que 30,6% das indústrias enfrentam problemas por causa do baixo nível dos reservatórios de água e que 56,7% das empresas fluminenses já adotam medidas para reduzir o consumo de agua. “A indústria do Rio já está fazendo sua parte, mas temos espaço para sermos mais efetivos. Situação é grave e demanda esforço de todos, mas antes de racionar é preciso raciocinar”, concluiu.
Também participaram do debate Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística do Sistema Firjan; Paulo Carneiro, pesquisador da COPPE/UFRJ; Carlos Rosito, consultor sênior da GO Associados; Fabian Fenoglio, diretor técnico Degrémont; e Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente do Sistema Firjan.
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