Brasil

Crédito mais difícil: 71% dos industriais alegam que taxas de juros dificultam financiamentos

Pesquisa da CNI mostra que, além dos juros, as empresas consideram as exigências de garantias reais como um entrave relevante para o acesso ao crédito

Redação TN Petróleo, Agência CNI de Notícias
12/06/2023 10:50
Crédito mais difícil: 71% dos industriais alegam que taxas de juros dificultam financiamentos Imagem: Divulgação Visualizações: 1357 (0) (0) (0) (0)

A Sondagem Especial Condições de Acesso ao Crédito, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que, entre as empresas com dificuldade de acessar o crédito de curto ou médio prazo, 71% afirmaram que as taxas de juros foram o principal entrave, 25% criticam as exigências de garantias reais e 16% apontaram a falta de linhas adequadas à necessidade da empresa. A pesquisa ouviu 2.022 empresários sobre as condições de crédito em um período de seis meses, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023.

Além disso, 47% das empresas não buscaram contratar nem renovar seus financiamentos de curto ou médio prazo, 6% não conseguiram contratar nem renovar e apenas 28% contrataram ou renovaram linha de crédito. No caso do crédito de longo prazo, o cenário é pior: 58% não procuraram contratar nem renovar e apenas 14% conseguiram contratar ou renovar.

De acordo com o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra (foto), o crédito está mais caro e restrito, tanto para as empresas como para os consumidores, principalmente com os bancos mais cautelosos nas concessões. Entre as empresas que afirmaram ter tentado contratar ou renovar o crédito, 19% não conseguiram, no caso do crédito de curto ou médio prazo. E no caso do crédito de longo prazo, o percentual de frustração foi de 37%.

“Observamos um cenário mais seletivo e exigente para quem busca recursos financeiros. Isso também explica o fato de cerca de metade das empresas não terem tentado renovar ou buscar novos empréstimos e uma parcela significativa ter renovado em condições piores ou muito piores. Também deve-se destacar que uma parte relevante das empresas que tentou renovar ou contratar crédito não conseguiu”, afirma o economista.

A pesquisa mostra que o crédito pode até ser um elemento essencial para ampliar o consumo e o investimento e fazer a roda da economia girar, mas a disponibilidade e as condições de acesso ao crédito não são proporcionais a sua importância.

60% das indústrias buscaram crédito de curto ou médio prazo para capital de giro
Pagar fornecedores e despesas com funcionários e adquirir matéria-prima foi a principal finalidade das operações de crédito de curto e médio prazo de 60% das empresas, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023. Depois de capital de giro, 21% das empresas apontaram que precisava do recurso para investir, seja em máquinas e equipamentos, instalações ou pesquisa e desenvolvimento.

No crédito de longo prazo, 43% das empresas industriais apontaram que os recursos se destinavam a investimentos (sendo que 28% apontaram investimentos em máquinas e equipamentos, 13% em instalações e 2% em pesquisa e desenvolvimento). Em seguida, 28% das empresas industriais apontaram o capital de giro como finalidade dos recursos.

Mais de um quinto das indústrias não conseguiu valor necessário na contratação ou renovação de crédito
Para 21% das empresas industriais que contrataram ou renovaram crédito de curto ou médio prazo no período a que se refere a pesquisa, o valor aprovado foi menor ou muito menor do que o necessário. Os dados mostram que essa dificuldade atingiu mais as pequenas (29%) e as médias empresas (26%) do que as grandes (17%).

A situação é parecida na comparação com o crédito de longo prazo. Nessa modalidade, 22% das empresas conseguiram montante menor ou muito menor do que o necessário na contratação ou renovação de crédito. 

Apesar disso, 69% das indústrias tiveram valor aprovado igual ao que necessitavam, no curto e no médio prazo, e 6% afirmaram ter conseguido montante maior ou muito maior do que necessitavam.

Cerca de um terço das empresas renovaram suas linhas de crédito em condições piores ou muito piores
Das empresas que renovaram crédito de curto ou médio prazo, 36% renovaram em condições piores ou muito piores e 43% em condições semelhantes, em termos de taxa de juros, número de parcelas, período de carência, exigência de garantias. Além disso, 15% das empresas apontaram ter conseguido condições melhores ou muito melhores.

A situação é ligeiramente melhor no caso da renovação de linhas de crédito de longo prazo. Nessa modalidade, 41% das empresas afirmaram ter renovado suas linhas de crédito em condições semelhantes, 29% em condições piores ou muito piores e 17% em condições melhores ou muito melhores.

Na Sondagem Especial de Crédito de 2019 o percentual de empresas que renovou crédito em condições piores foi bem menor: 12%, para o crédito de curto prazo, e 9%, para o crédito de longo prazo.

Como resolver esse problema? 
Para as empresas industriais, a alternativa mais apontada para contornar o problema de crédito foi a redução dos custos tributários e administrativos sobre o crédito, como o IOF, por exemplo. Esta solução foi indicada por 36% das empresas com problema de crédito de curto ou médio prazo e por 28% das empresas com problema de crédito de longo prazo.

Em segundo lugar, aparece a ampliação das linhas públicas de crédito: 25% das empresas apontaram a alternativa para o crédito de curto/médio prazo e 27% delas para o crédito de longo prazo. Em terceiro, aparece a simplificação de exigências impostas pelas instituições financeiras, mencionada por 21% das empresas em ambas as modalidades de prazo. 

Aumentar a viabilidade dos instrumentos do mercado de capitais e ampliar a atuação das Fintechs no mercado de crédito, apesar de importantes, ainda são alternativas muito pouco percebidas pelas empresas industriais como formas de lidar com o problema de crédito.
“A melhoria nas condições de oferta de garantias pelas empresas é uma agenda muito importante, que tem sido trabalhada e deve se intensificar. Nesse sentido, destacam-se aprimoramentos a dois programas criados na pandemia e que merecem ser fortalecidos, o Pronampe e o PEAC. Outra oportunidade de avanço é o PL 4.188/2021, que instituí o Novo Marco de Garantias”, destaca Fábio Guerra.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Macaé Energy
Licença Prévia do projeto Raia é celebrada na abertura d...
02/07/25
Hidrelétricas
GE Vernova garante pedido de Operação & Manutenção nas u...
01/07/25
Energia Solar
GoodWe e Fotus miram liderança em mercado bilionário no ...
01/07/25
Oportunidade
Auren Energia abre inscrições para Programa de Estágio 2025
01/07/25
Etanol de milho
Reconhecimento internacional do etanol de milho para pro...
01/07/25
Resultado
Maio registra recorde nas produções de petróleo e de gás...
01/07/25
Sustentabilidade
Binatural conquista certificação internacional em susten...
01/07/25
Firjan
Produção de petróleo na porção fluminense da Bacia de Ca...
01/07/25
ANP
Divulgado o resultado final do PRH-ANP 2025
01/07/25
Evento
Maior congresso técnico de bioenergia do mundo reúne 1,6...
01/07/25
Energia Eólica
Nova MP não será suficiente para conter impactos pervers...
30/06/25
Combustíveis
Gasolina cai só 0,78% em junho, mesmo após reajuste de 5...
30/06/25
Evento
Brasil avança na transição energética com E30 e B15 e re...
30/06/25
Fiscalização
ANP divulga resultados de ações de fiscalização em 12 un...
30/06/25
Pessoas
Patricia Pradal é a nova presidente da Chevron América d...
30/06/25
IBP
Manifesto em Defesa do Fortalecimento da ANP
30/06/25
Resultado
ANP divulga dados consolidados do setor regulado em 2024
30/06/25
Etanol
Preços do etanol sobem na última semana de junho
30/06/25
Combustíveis
Fiscalização: ANP realiza novo debate sobre medida repar...
27/06/25
Margem Equatorial
Capacidade de inovação da indústria de O&G impulsiona es...
27/06/25
Biocombustíveis
Sifaeg comemora aprovação do E30 e destaca ganhos para o...
27/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.