O primeiro trecho do etanolduto começa a funcionar a partir de março.
Brasil Econômico
O primeiro trecho do etanolduto, canal de transporte do combustível, que tem a Logum Logística como a empresa responsável pelas obras, começa a funcionar a partir de março. O trecho será entre Ribeirão Preto, maior produtor no Brasil, e Paulínia, principal distribuidor.
Apesar de a data para a inauguração estar próxima, ainda não está definido modelos de contrato e valores para transporte de combustível por esse canal, o que traz dúvidas quanto a sua competitividade frente a outros modais como ferrovia, hidrovia e principalmente rodovia.
Estimativas elaboradas por um especialista no tema e ligado a agentes do setor, apontam que ao utilizar o duto para fazer o escoamento da produção de álcool, só serão beneficiadas usinas próximas a um raio de 180 km de Ribeirão Preto e ao Triângulo Mineiro.
Para esses produtores, o custo será de R$ 42 por metro cúbico, contra os atuais R$ 50 cobrados para fazer o transporte por rodovia (veja mais arte abaixo). Para 2014, quando está previsto o transbordo deste trecho se iniciando em Uberaba, o valor sairá de R$ 70 cobrados no uso das rodovias para os R$ 60 do duto.
"Só serão beneficiadas empresas que atuam nas duas pontas, produção e consumo, como é o caso da própria Petrobras e Raízen, ambas com participação acionária no projeto", observa um especialista do setor que prefere se manter sob anonimato.
Para ele, isso acontece porque a operação pelo duto deve exigir contratos fechados e de longo prazo, contrário do modal rodoviário, quando o custo só ocorre quando há utilização da via.
"Esse novo canal exige grande volume de combustível em circulação para que seja competitivo. Isso indica um escoamento em torno de 200 mil metros cúbicos de álcool por ano. Para as usinas que não conseguem atingir esse volume, o recomendado é ainda o modal rodoviário", observa.
Segundo João Chierighini, gerente de logística da Bioagência, é preciso que seja avaliada por cada usina não apenas os aspectos econômicos, mas estratégicos de mercado ao aderir ao uso do duto.
"Os usineiros temem correr riscos como a falta de demanda pelo produto. Isso acontece por falta de uma política clara de combustíveis. O governo está estimulando a frota e demanda por veículos, mas não sabe como disponibilizar mais combustível para encher os tanques", critica.
Ainda para Chierighini, esse cenário é ruim em todos os aspectos para a economia brasileira, que sofre com a trava de investimentos nas usinas de etanol.
Diante de um cenário de incertezas para o futuro etanolduto, sua viabilidade entra novamente em xeque com a Petrobras, suspendendo aportes que correspondem a fatia de 20% no projeto para 2013.
Por conta disso, há informações de que a estatal esteja negociando com a Logum Logística a oferta de dutos já construídos em troca dos investimentos. Ambas as empresas foram procuradas pela reportagem e nenhuma delas quis se pronunciar sobre o projeto.
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