A bilionária licitação para a construção no Brasil de um conjunto de até 28 sondas de perfuração de poços de petróleo, com custo total estimado em mais de US$ 22 bilhões, corre risco de parar nos tribunais. O Rio de Jane
Valor EconômicoA bilionária licitação para a construção no Brasil de um conjunto de até 28 sondas de perfuração de poços de petróleo, com custo total estimado em mais de US$ 22 bilhões, corre risco de parar nos tribunais. O Rio de Janeiro e o Espírito Santo ameaçam entrar com ações na Justiça para garantir a competência legal dos Estados no licenciamento ambiental dos estaleiros que vão construir as sondas.
Durante a concorrência, a Petrobras exigiu que os participantes apresentassem uma declaração de um segundo órgão ambiental - distinto daquele que emitiu a licença. Como a maioria dos novos estaleiros tem licenças emitidas apenas pelos Estados, criou-se a necessidade de conseguir uma carta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para confirmar o licenciamento estadual.
Entre os participantes da licitação, as informações são de que esses três estaleiros estão com dificuldades de conseguir documentos do Ibama atestando licenciamentos feitos por órgãos estaduais. Estaleiros em operação que têm licenças emitidas pelos Estados, como é o caso do Bras Fels, em Angra dos Reis (RJ), passam pelo mesmo problema.
Fontes próximas ao governo fluminense disseram que o Bras Fels busca um parecer da Procuradoria Geral do Estado do Rio confirmando que a licença de operação do estaleiro, emitida pelo órgão estadual, é válida. O estaleiro também quer anexar documentos mostrando que há cerca de cinco anos fez consulta ao Ibama sobre uma dragagem e, à época, o instituto entendeu que o licenciamento da obra cabia ao Estado.
O único projeto de novo estaleiro licenciado diretamente pelo Ibama foi o Enseada do Paraguaçu, na Bahia, controlado por Odebrecht, OAS e UTC. Ao todo sete grupos, alguns em consórcio, concorrem para ver quem construirá as sondas que serão usadas em trabalhos exploratórios no pré-sal. A licença obtida por esse estaleiro lhe daria vantagem, mas o que vai definir os ganhadores será o preço das sondas. No mercado, comenta-se que só parte das 28 sondas será construída. Os equipamentos foram divididos em quatro lotes com sete unidades cada um. Cada empresa poderá ganhar um lote.
A Petrobras informou que possíveis desclassificações vão caber à comissão de licitação após a análise da documentação a ser apresentada no dia 17. Procurado, o Ibama enviou nota assinada pelo presidente do instituto, Abelardo Bayma, na qual se esquivou da discussão: "O Ibama não tem nenhuma competência para tratar de assunto comercial. As nossas competências são ambientais", disse a nota.
A Petrobras disse que não exige anuência específica do Ibama aos licenciamentos estaduais. O que a empresa exige é a apresentação de declaração de um segundo órgão ambiental - diferente daquele que emitiu a licença de instalação ou de operação. O documento poderia dar concordância com a competência de outro órgão.
A decisão de solicitar essa declaração decorreu, segundo disse a Petrobras, textualmente, "de identificação, na análise da documentação apresentada, de riscos de ações por parte de autoridades públicas que porventura viessem a impedir a implantação ou operação dos estaleiros, após a assinatura dos contratos."
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