Pesquisa

Para maioria dos brasileiros, empresas devem aplicar parte dos lucros no combate às mudanças climáticas, revela Ipsos

Redação TN com Assessoria Ipsos
03/11/2025 15:33
Para maioria dos brasileiros, empresas devem aplicar parte dos lucros no combate às mudanças climáticas, revela Ipsos Imagem: Fauxels, via Pexels Visualizações: 86

A poucos dias do início da COP30, a pesquisa global da Ipsos “Atitudes em relação à COP30”, realizada em 30 países, aponta que 64% dos brasileiros concordam que empresas e indústrias deveriam ser obrigadas a destinar parte de seus lucros para financiar ações para combater as mudanças climáticas. Globalmente, a média é de 65%.

O estudo, publicado sempre às vésperas das conferências para o clima da ONU, mostra que cidadãos de diferentes partes do mundo têm cobrado maior responsabilização das empresas com o agravamento do aquecimento global. No Brasil, 70% dos entrevistados concordam que elas priorizam o lucro em detrimento das preocupações ambientais, ante 69% da média global.

Além disso, os brasileiros acreditam que os países desenvolvidos devem fornecer reparações financeiras às nações mais afetadas pelos desastres climáticos (59%). A crença também é compartilhada pela maioria dos entrevistados em 30 países: 55% defendem reparações financeiras.  Indonésia (75%), África do Sul (69%), Colômbia (68%) e Itália (66%) são os países que mais concordam com esta afirmação. Na outra ponta, Estados Unidos (42%), Alemanha (41%) e Japão (38%) são os que menos concordam.

A média global aponta ainda que 54% dos entrevistados concordam que bilionários devem arcar com a maior parte dos custos do combate às mudanças climáticas e 42% que a expansão do agronegócio é incompatível com a proteção da Amazônia.

Para a maior parte, o governo brasileiro está certo ao propor que os países que preservam suas florestas recebam financiamento para isso e sejam penalizados se desmatarem (61% e 62% no Brasil).

Expectativas divididas

A “Atitudes em relação à COP30” revela uma opinião pública global dividida sobre a eficácia da conferência, realizada pela primeira vez na Amazônia: 49% dos entrevistados globalmente a consideram “meramente simbólica”, sem ações reais no combate às mudanças climáticas – sendo que 43% revelam a mesma opinião no Brasil.

Os mais otimistas são os jovens – cerca de 45% da Geração Z afirmam que a COP30 será eficaz, contra 29% entre os Boomers. Cidadãos do  Sul Global também demonstraram maior otimismo, sendo que 51% consideram que o evento será efetivo no Oriente Médio/África, 43% na Ásia-Pacífico  e 39% na América Latina. O ceticismo é maior em economias avançadas. Na Europa, 25% acreditam que a COP30 será efetiva, na América do Norte, 24%, e no G7, 22%.

Globalmente, 39% definem o sucesso da COP30 como “proteger, reflorestar e mudar a economia para torná-la sustentável” – o que indica o desejo de soluções baseadas na natureza, combinadas com transformação econômica; e não medidas isoladas. Para 11% dos entrevistados, “simplesmente parar o desmatamento” não é suficiente para combater as mudanças climáticas e há uma rejeição quase universal às narrativas que vinculam o desenvolvimento ao desmatamento contínuo: apenas 4% concordam que “o desmatamento é parte do desenvolvimento e deve continuar”.

Barreiras e desconhecimento sobre o evento

O levantamento ainda mostra que os principais obstáculos para atingir as metas climáticas não são técnicos, mas de governança. A falta de vontade política entre os líderes governamentais é a barreira mais citada – 42% dos entrevistados na média global e 47% no Brasil. Em seguida, aparecem a fraca fiscalização contra o desmatamento e a poluição (34% global versus 44% no Brasil) e a falta de financiamento para projetos ambientais (31% e 29%).

Apesar de 55% dos entrevistados consideram que a COP30 é uma oportunidade para o Brasil demonstrar liderança em sustentabilidade, e que povos indígenas e comunidades tradicionais devem desempenhar um papel de liderança nas decisões climáticas (56%), o propósito do evento não é amplamente compreendido: menos da metade (44%) reconhece corretamente que a COP é uma reunião para negociar ações para combater as mudanças climáticas.

Metodologia

Estes são os resultados de uma pesquisa em 30 países conduzida pela Ipsos em sua plataforma online Global Advisor e, na Índia, em sua plataforma IndiaBus, entre sexta-feira, 20 de junho, e sexta-feira, 4 de julho de 2025. Para esta pesquisa, a Ipsos entrevistou um total de 23.700 adultos com 18 anos ou mais na Índia, de 18 a 74 anos no Canadá, República da Irlanda, Israel, Malásia, África do Sul, Turquia e Estados Unidos, de 20 a 74 anos na Tailândia, de 21 a 74 anos na Indonésia e Cingapura, e de 16 a 74 anos em todos os outros países.

A amostra consiste em aproximadamente 2.000 indivíduos no Japão, 1.000 indivíduos na Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, México, Espanha e EUA, e 500 indivíduos na Argentina, Chile, Colômbia, Hungria, Indonésia, Irlanda, Malásia, Holanda, Peru, Polônia, Romênia, Singapura, África do Sul, Coreia do Sul, Suécia, Tailândia e Türkiye. A amostra na Índia consiste em aproximadamente 2.200 indivíduos, dos quais aproximadamente 1.800 foram entrevistados presencialmente e 400 foram entrevistados online.

Amostras na Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Itália, Japão, Holanda, Polônia, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e EUA podem ser consideradas representativas de suas populações adultas em geral com menos de 75 anos. Amostras no Brasil, Chile, Colômbia, Indonésia, Irlanda, Malásia, México, Peru, Romênia, Cingapura, África do Sul, Tailândia e Turquia são mais urbanas, mais educadas e/ou mais ricas do que a população em geral. Os resultados da pesquisa para esses países devem ser vistos como reflexo das opiniões do segmento mais "conectado" de sua população.

A amostra da Índia representa um grande subconjunto de sua população urbana — classes socioeconômicas A, B e C em áreas metropolitanas e classes urbanas de nível 1 a 3 em todas as quatro zonas. Os dados são ponderados para que a composição da amostra de cada país reflita melhor o perfil demográfico da população adulta, de acordo com os dados do censo mais recente. A "Média Global do País" reflete o resultado médio para todos os países e mercados nos quais a pesquisa foi realizada. Ela não foi ajustada ao tamanho populacional de cada país ou mercado e não pretende sugerir um resultado total.

Quando as porcentagens não somam 100 ou a "diferença" parece ser +/- 1 ponto percentual a mais/a menos que o resultado real, isso pode ser devido a arredondamentos, respostas múltiplas ou à exclusão de respostas do tipo "não sei" ou não declaradas.

A precisão das pesquisas online da Ipsos é calculada usando um intervalo de credibilidade com uma pesquisa em que N = 1.000 tem precisão de +/- 3,5 pontos percentuais e em que N = 500 tem precisão de +/- 5,0 pontos percentuais. Para mais informações sobre o uso de intervalos de credibilidade pela Ipsos, visite o site.

Sobre a Ipsos

A Ipsos é uma empresa de pesquisa de mercado independente, presente em 90 mercados. A companhia, que tem globalmente mais de 6.000 clientes e 20.000 colaboradores, entrega dados e análises sobre pessoas, mercados, marcas e sociedades para facilitar a tomada de decisão das empresas e das organizações. Maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, a Ipsos atua ainda nas áreas de marketing, comunicação, mídia, customer experience, engajamento de colaboradores e opinião pública. Os pesquisadores da Ipsos avaliam o potencial do mercado e interpretam as tendências. Desenvolvem e constroem marcas, ajudam os clientes a construírem relacionamento de longo prazo com seus parceiros, testam publicidade e medem a opinião pública ao redor do mundo.

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