Distribuição

Precisamos de regras claras, para atrair investimento privado

Mudança no perfil de investimento da Petrobras abre mercado de R$ 32 bilhões na distribuição.

Fiesp/Redação
20/04/2016 15:07
Visualizações: 984

Especialistas em combustíveis reunidos nesta segunda-feira (18/4) na Fiesp cobraram do Governo regras claras para o setor, como forma de atrair os investimentos privados necessários para garantir o abastecimento no Brasil.

O moderador do workshop, Alvaro Teixeira, diretor de Energia do Departamento de Infraestrutura da Fiesp (Deinfra, organizador do evento), ressaltou a importância do mercado de combustíveis no Brasil, o quarto maior do mundo, e com tendência a crescer. Há, disse, sentimento generalizado de necessidade de drástica mudança estrutural no mercado de combustíveis do país. A própria Petrobras tem dado indicação de mudanças em suas políticas de abastecimento. Exploração e produção concentrarão seus investimentos, o que abre lacuna na área de abastecimento. Cria-se oportunidade para o setor privado, com a estimativa da necessidade de investimento de R$ 32 bilhões em 15 anos.

Só que antes de investir é preciso conhecer a parte econômica, afirmou Leonardo Gadotti Filho, vice-presidente de Logística, Distribuição & Trading da Raízen. Não se sabe por exemplo o custo do transporte entre Paulínia e Brasília (via Oleoduto São Paulo-Brasília (Osbra), que faz parte da estrutura da Petrobras). “Crucial para começar a discussão é abrir a caixa preta”, o preço do produto derivado de petróleo no Brasil.

José Augusto Dutra Nogueira, diretor de Operações da Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, frisou necessidade de definir claramente regras, para atrair investimentos, que são significativos.

Também Luiz Augusto Horta Nogueira, professor da Unifei, chamou de caixa preta a estrutura de preços da Petrobras. É preciso conhecer os custos, disse, não o preço determinado pelo Governo. Num mercado onde preço é definido no Palácio do Planalto não há certeza de rentabilidade para agentes privados, afirmou Horta Nogueira. Em sua opinião, a abertura do mercado exige tornar mais realistas preços e custos.

Entender a tributação de combustíveis no Brasil é tarefa para especialistas, disse. Cofins e Cide, muito importantes do ponto de vista regulatório, tiveram administração equivocada, com visão de curto prazo que teve efeitos negativos sobre o setor de etanol, destacou. Recentemente, começou a haver correção nos tributos.

Horta Nogueira destacou que a expansão prevista no consumo de combustíveis aumenta a dependência externa. Falta capacidade de refino, e importação poderá chegar a 1 milhão de barris de petróleo por dia. “Não podemos aceitar isso passivamente. É muito dinheiro.” Ele defende a construção de capacidade local de produção de combustíveis, fósseis ou biocombustíveis.

Autossuficiência versus dependência

Não faz sentido, afirmou Teixeira, do Deinfra, o Brasil ser autossuficiente em petróleo e importar diesel. Rubens Cerqueira Freitas, superintendente adjunto de Abastecimento da ANP, apontou a diferença entre a posição do Brasil como quarto maior consumidor de combustíveis e sua posição apenas como oitavo maior refinador, com descompasso entre oferta e consumo.

“Somos dependentes de derivados de petróleo”, afirmou. Em 2015, a importação foi de 300 mil barris por dia (caindo em relação aos 400 mil barris por dia de 2014). E até 2026, dependência mais do que dobra, para 750 mil barris por dia. Para 2030, com crescimento 10 anos seguidos a 3% ao ano, chega a 1,2 milhão de barris por dia.

A ANP não considera prudente essa dependência, da qual 80% a 90% se refere a combustíveis veiculares. Excesso da capacidade de refino (EUA, por exemplo), parece ter levado à decisão de não investir em refinaria. A análise de Freitas é que empresarialmente decisão faz sentido, mas não do ponto de vista da segurança energética.

Citou dois caminhos extremos para o Brasil, um deles a autossuficiência; o outro, a dependência. Entre os dois extremos, várias gradações.

Caso se opte pela autossuficiência, além de completar a Comperj, que apesar de estar nos planos da Petrobras para 2023, talvez não saia, a ANP propõe refinaria no Maranhão, garantindo autossuficiência do Norte e Nordeste em gasolina e óleo diesel. A outra seria próxima ao consumo do agronegócio, no Centro-Oeste ou Triângulo Mineiro. Para isso seria preciso encontrar investidores. Em relação a preços, à regra do jogo, “tudo tem que ser conversado”.

Caso a opção seja pelo outro extremo, a dependência (que, afirmou, não ocorre com nenhuma das maiores economias), o Brasil precisa se preparar, com portos com capacidade para 1 milhão de barris por dia, expansão dos dutos e ampliação dos estoques estratégicos.

Se for seguir o caminho da dependência, que já é o que acontece hoje, a ANP identifica 7 portos nos quais investir: Vila do Conde (PA), para o Norte, Itaqui, Pecém, Suape, São Sebastião e Santos, São Francisco (SC), em vez de Paranaguá. Seria preciso duplicar o Osbra, que vai de Paulínia ao Distrito Federal, e o Opasc, que liga Paraná a Santa Catarina.

 

Contra essa dependência, Freitas aponta como fator de risco logístico o fato de 2/3 do petróleo vir por mar (o Brasil, lembrou, não tem dutos com vizinhos). No caminho há estreitos, como o de Ormuz e o de Málaca, o canal de Suez, o da Turquia, e o menos complicado, na Dinamarca. “Quando um deles trava, o quebra-cabeças todo se modifica.” Nos EUA há o problema dos furacões, que podem interromper o abastecimento. Também existem fatores políticos, como fragilidades momentâneas na União Europeia e terrorismo na região. China, com seu caixa, recheado de US$ 3,3 trilhões, ganha espaço e redefine interesses globais. E no Oriente Médio, o preço baixo do petróleo desestabiliza a economia dos países da região.

 

O superintendente adjunto da ANP deixou mensagem positiva para os investidores, com a oportunidade no refino, na produção de combustíveis e de biocombustíveis e na infraestrutura de terminais e dutos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Etanol
Anidro e hidratado fecham a semana em alta
01/12/25
Petrobras
Com um total de US$ 109 bilhões de investimentos o Plano...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Oil States marca presença na Mossoró Oil & Gas Energy 20...
28/11/25
Comemoração
Infotec Brasil completa 40 anos e destaca legado familia...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Petrosupply Meeting realiza 267 encontros e conecta seto...
28/11/25
Gás Natural
Entrega de Gasoduto no Centro-Oeste de Minas Gerais é no...
28/11/25
Internacional
Brasil apresenta avanços em resposta a emergências offs...
28/11/25
Evento
Niterói encerra segunda edição do Tomorrow Blue Economy ...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Sebrae impulsiona inovação ao aproximar startups do seto...
28/11/25
Gás Natural
Naturgy reforça papel estratégico do gás natural na segu...
28/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
SLB destaca investimentos no Brasil e papel estratégico ...
27/11/25
Internacional
FINDES lidera missão à Europa para impulsionar descomiss...
27/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Onshore potiguar defende licença mais ágil para sustenta...
27/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Estudo aponta forte impacto da cadeia de petróleo e gás ...
27/11/25
Geração/ Transmissão
ENGIE Brasil Energia inicia operação comercial do primei...
27/11/25
Petrobras
Navios da Transpetro recebem bunker com conteúdo renovável
26/11/25
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Mossoró Oil & Gas Energy abre edição 2025 com participaç...
26/11/25
Pré-Sal
Shell conclui assinatura dos contratos de concessão na B...
26/11/25
Gás Natural
Concluída a construção da primeira unidade de liquefação...
26/11/25
PD&I
Ibmec cria centro de pesquisa para estimular debates est...
26/11/25
Apoio Offshore
Camorim receberá R$30 milhões do Fundo da Marinha Mercante
26/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.