Ao ser privatizada, a Vale deu pouco significado à sua frota. Vendeu todos os navios de bandeira brasileira e a maior parte dos que usavam pavilhão estrangeiro. Com o tempo, apesar dos lucros bilionários propiciados pela alta do minério, a empresa - sob controle
Monitor MercantilAo ser privatizada, a Vale deu pouco significado à sua frota. Vendeu todos os navios de bandeira brasileira e a maior parte dos que usavam pavilhão estrangeiro. Com o tempo, apesar dos lucros bilionários propiciados pela alta do minério, a empresa - sob controle de Bradesco, Previ e Mitsui - foi obrigada a mudar de estratégia.
Segundo um analista, na época do pai de Eike, Eliezer Batista, à frente da então Vale do Rio Doce, os grandes compradores de minério eram os japoneses. Com visão de longo prazo, os nipônicos não se importavam em pagar um pouco mais pelo frete, pois sabiam ser estratégico não depender dos fornecedores australianos. Agora, o comprador principal é a China, mais pragmática: quer saber o preço final do minério entregue em seus portos, não interessa de onde venham ou em que navios. A China não parece preocupada em, ao comprar da Austrália, limitar seus fornecedores. Quer o melhor preço e pronto.
Com isso, a Vale teve de trocar de estratégia. Após dar pouca importância à logística marítima, mudou radicalmente de posição. Sabe que não pode depender dos donos de frota. O mesmo pode se aplicar ao Brasil. Como pode uma potência emergente contentar-se com transportar menos de 1% do comércio que gera? Até agora, só a Transpetro está fazendo encomendas e não tanto para expandir a frota, apenas para renová-la.
Por ser uma empresa particular, o caso da Vale é mais simples e a solução já está a caminho. A ex-estatal comprou 14 navios usados e já opera 17 navios próprios; encomendou 20 unidades, sendo dez de 400 mil toneladas de capacidade de carga. Através de contratos de longo prazo, com armadores como STX, BW, Oman Shipping e NYK, a empresa terá a sua disposição - seja com navios realmente próprios ou afretados a longo prazo, o que dá quase no mesmo - alto volume de navios, muitos deles gigantescos. Nos afretados a longo prazo, o frete não varia com o mercado ou a especulação.
A frota brasileira, contando-se até unidades de navegação fluvial, é de 3,6 milhões de toneladas de capacidade (porte bruto), segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Entre navios próprios e afretados por longo prazo, a frota à disposição da Vale em breve irá superar a de todo o Brasil.
Fonte:MonitorMercantil/Sergio Barreto Motta
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