Gás Natural

Distribuição de gás canalizado é crucial para a modicidade tarifária, aponta estudo da Abegás

Estudo mostra como os investimentos em expansão da infraestrutura de gás canalizado são fundamentais para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do País, repercutindo em eficiência e redução de custos para os usuários.

Redação TN Petróleo/Assessoria Abegás
01/12/2025 16:38
Distribuição de gás canalizado é crucial para a modicidade tarifária, aponta estudo da Abegás Imagem: Divulgação Abegás Visualizações: 98

A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) está lançando um estudo inédito, realizado em parceria com a consultoria Quantum e a Commit, que mostra como o setor de distribuição de gás canalizado no Brasil está passando por uma transformação estrutural sem precedentes – a rede de distribuição cresceu de aproximadamente 4.000 km em 1999 para mais de 45.000 km em 2024, uma expansão superior a 1000%. Esse crescimento, aponta o estudo, vem sendo impulsionado pelos investimentos das concessionárias distribuidoras de gás canalizado, que se posicionam como os principais articuladores da massificação energética nacional.

"Este estudo complementa e traz números que comprovam o impacto positivo do setor de distribuição de gás canalizado. O White Paper mostra como os investimentos em distribuição de gás natural trazem uma série de benefícios, incluindo a redução tarifária para clientes. Por exemplo, a indústria no estado de São Paulo, com a Comgás, teve uma redução na margem de distribuição entre 38% e 44% em 15 anos, e usuários residenciais tiveram uma queda entre 16% e 18% na margem de distribuição. Essa redução é resultado da diversificação de mercado, com entrada de novos usuários, diluição de custos e aumento da produtividade", afirma o presidente executivo da Abegás, Marcelo Mendonça (foto).

De acordo com o estudo, o setor de distribuição de gás natural entrega produtividade anual muito acima da economia brasileira, com taxas entre 3,6% e 4,7% ao ano, graças aos esforços para promover o crescimento do mercado. "As empresas de distribuição são responsáveis pelo crescimento das redes e pelo aumento de novos usuários, demonstrando seu papel no desenvolvimento do setor de gás natural no Brasil", acrescenta Mendonça.

Um dos pontos-chave do estudo é demonstrar a importância dos investimentos na expansão do segmento residencial – o Brasil tem uma penetração residencial de gás natural de apenas 5% em média, muito abaixo de países vizinhos como Colômbia (65%) e Argentina (59%).

"Mesmo concessões mais maduras, como a Comgás, atingem cerca de 14% de atendimento residencial, indicando um grande potencial de crescimento que exige novos investimentos", diz o presidente executivo da Abegás.

Segundo ele, apesar dos esforços das distribuidoras, o crescimento do mercado de gás natural não tem sido acompanhado pelos outros elos da cadeia, como produção e transporte.

"Mesmo em cenários de retração econômica, as distribuidoras demonstram crescimento produtivo na construção de redes, contribuindo para o desenvolvimento da economia local e a geração de empregos.

Mas ainda há gargalos na oferta e na infraestrutura de transporte, o que impede um maior aproveitamento do gás e a recuperação da demanda reprimida na indústria", alerta Mendonça.


Diversificação de mercado: chave para a modicidade tarifária

O estudo mostra como a diversificação de mercado, que inclui o atendimento a segmentos como residencial, comercial e transporte pesado, é crucial para a modicidade tarifária e para reduzir a exposição a variações econômicas de um único segmento.

"Estados com maior diversificação, como Rio de Janeiro e São Paulo, sofrem menos impacto da variação de outros segmentos, como o industrial. A diversificação permite a economia de escopo e a diluição de custos", explica o diretor econômico-regulatório da Abegás, Marcos Lopomo.

"Os investimentos das distribuidoras geram benefícios para todos os segmentos, muitas vezes por economia de escopo. A diversificação da demanda é a grande força do setor de distribuição, pois reduz riscos e permite o desenvolvimento de novos mercados, como o de veículos pesados e a interiorização do gás. Isso traz benefícios para todos os segmentos, incluindo aqueles que já utilizam o gás, como a indústria", comenta Lopomo.

Segundo ele, o Brasil tem muito a explorar e crescer, com a possibilidade de expansão através de coordenação público-privada, garantindo tarifas justas que viabilizem a continuidade do investimento e atendam novos usuários.

"É fundamental uma visão da função pública do serviço de gás canalizado, reconhecendo a necessidade de investimentos iniciais e os benefícios de longo prazo, que resultam em estabilidade tarifária e diversificação de mercado", destaca o diretor da Abegás.

"A expansão da rede é fundamental para massificar os serviços. E o crescimento da interiorização dos serviços de gás canalizado é uma medida de inclusão social, reduzindo desigualdades regionais e atraindo indústrias e serviços", conclui Lopomo.

Acesse o estudo completo: Link 
 

SETE PONTOS-CHAVE PARA ENTENDER O ESTUDO

1. Transformação estrutural e crescimento exponencial

O setor de distribuição de gás canalizado no Brasil está passando por uma transformação significativa. A rede de distribuição cresceu de aproximadamente 4.000 km em 1999 para mais de 45.000 km em 2024, uma expansão superior a 1000%. Esse crescimento é impulsionado pelos investimentos das concessionárias distribuidoras, que se posicionam como os principais articuladores da massificação energética nacional.

2. Potencial de crescimento e desafios

Apesar do crescimento, a penetração do gás natural no segmento residencial no Brasil ainda é inferior a 5%, significativamente menor que em países como Colômbia (65%) e Argentina (59%). O potencial de crescimento é expressivo devido a fatores como o aprimoramento do marco regulatório (Nova Lei do Gás), a expansão da produção doméstica (Pré-Sal), a importação e o fomento a novos segmentos de uso. No entanto, há desafios a superar, incluindo barreiras regulatórias, tarifárias e de infraestrutura, que exigem articulação entre governo, agências reguladoras e setor privado.

3. Importância dos investimentos em infraestrutura

Os investimentos em expansão da infraestrutura de distribuição de gás canalizado são cruciais por várias razões:

Crescimento – Permite que os serviços de gás canalizado alcancem novos mercados e regiões interioranas.

Universalização do serviço – É o principal vetor de massificação, garantindo o crescimento e a integração de novos consumidores ao sistema energético nacional.

Modicidade tarifária a longo prazo – Com o crescimento da base de clientes e a eficiência da infraestrutura, a margem máxima de distribuição tende a se diluir, promovendo a modicidade tarifária.

Ganhos de Produtividade – As taxas de crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF) no setor de distribuição de gás natural (entre 3,61% e 4,71% anuais de 2015 a 2024) superam a estagnação da economia brasileira, indicando otimização no uso de recursos.

Competitividade e Substituição de Combustíveis Poluentes – contribuem para a competitividade do gás natural, que é mais vantajoso que combustíveis substitutos como óleo combustível e diesel, e mais acessível que o GLP envasado em certos períodos, gerando benefícios ambientais e de saúde pública.

4. Contribuição Econômica, Social e Ambiental

Econômica – O setor movimenta bilhões em faturamento anual, com investimentos médios de R$ 1,20 bilhão por ano, totalizando aproximadamente R$ 10,941 bilhões entre 2016 e 2024. O gás natural é mais barato para a indústria (até 30% menos que óleo combustível e GLP) e para o transporte (GNV é mais econômico que gasolina).

Social – A atividade de distribuição de gás natural contribui para a melhoria da qualidade de vida da população e sua expansão permite que novas regiões e segmentos da população tenham acesso a uma fonte energética mais limpa, confiável e competitiva, impulsionando cadeias produtivas e reduzindo desigualdades regionais. O gás natural é o combustível fóssil de combustão mais limpa, o que se traduz em menores emissões de gases de efeito estufa e de poluentes locais por unidade de energia entregue, trazendo benefícios diretos para a saúde humana com a melhora da qualidade do ar.

Ambiental – O gás natural é o combustível fóssil de combustão mais limpa, emitindo 33% menos CO2 que o óleo e 30% menos que o diesel. Desde 1994, seu uso evitou a emissão de 173 milhões de toneladas de CO2 equivalente, melhorando a qualidade do ar e contribuindo para a saúde pública. A substituição de combustíveis mais poluentes pelo gás natural reduz significativamente as emissões, onde a conversão de um caminhão de diesel para gás natural pode reduzir as emissões de NO em 75-95% e diminuir o monóxido de carbono (CO) em 70-90%. As emissões de hidrocarbonetos sem metano e de partículas são praticamente eliminadas nos motores a gás, com reduções da ordem de 50-75% nos compostos orgânicos não metano e de até 90% no material particulado em comparação com o diesel. Famílias que substituem a lenha pelo gás natural reduzem a exposição à fumaça e melhoram suas condições de saúde e qualidade de vida.

5. Regulação e estrutura tarifária

O setor de distribuição de gás natural no Brasil é um monopólio natural, o que implica que a estrutura industrial mais eficiente ocorre com um único prestador de serviço. A expansão das redes só é possível com regulação estável e previsível. A estrutura tarifária, que inclui o custo do gás e a margem de distribuição, deve equilibrar tarifas justas para os consumidores com o retorno adequado para os investidores. Aumentos temporários na margem de distribuição podem ocorrer devido a investimentos iniciais em expansão, mas tendem a se diluir com o crescimento da demanda, promovendo a modicidade tarifária a longo prazo. A estrutura tarifária também funciona como ferramenta de política pública, estimulando a substituição de combustíveis poluentes.

6. Comparativo regional

A experiência brasileira na massificação do gás natural se diferencia de outros países latino-americanos. A Argentina tem uma rede mais extensa (165 mil km e 9 milhões de usuários), mas com ritmo de crescimento modesto. A Colômbia alcançou quase 12 milhões de usuários residenciais com alta cobertura (70%), resultado de políticas públicas e coordenação público-privada. O Brasil, embora com menor penetração residencial, distribui mais que o dobro do volume de gás por ano que a Colômbia, indicando maior intensidade de consumo.

7. Universalização do gás natural no Brasil

O grau de universalização do gás natural no setor residencial brasileiro é modesto (cerca de 5% em média), mas heterogêneo entre os estados. São Paulo e Rio de Janeiro apresentam índices mais elevados (14,8% e 14,1%, respectivamente), enquanto outros estados têm patamares inferiores a 2%. O avanço da universalização é um desafio e uma oportunidade estratégica para ampliar a competitividade, reduzir desigualdades regionais e promover uma matriz energética mais limpa.

Sobre a Abegás - Criada em 1990, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) representa as empresas concessionárias dos serviços de distribuição de gás canalizado no Brasil.

Tem como visão ser referência institucional na indústria do gás natural, representando os interesses do serviço de distribuição, agindo para proteger as concessões públicas, a garantia de suprimento e a ampliação do atendimento.

Ao longo de mais de 35 anos de atuação, a Abegás tem atuado para que ocorra a ampliação da oferta de gás natural no país, quer seja de produção nacional ou por meio de importação; no estímulo ao fortalecimento das empresas distribuidoras de gás canalizado em todos os Estados da Federação; no intercâmbio e na cooperação técnica e institucional entre seus associados e outras entidades e, bem como, na colaboração com órgãos do governo federal e dos governos estaduais na formulação de programas de desenvolvimento e fortalecimento da indústria brasileira do gás natural.

Site: www.abegas.org.br

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