Artigo

Marco regulatório do pré-sal deixará legado negativo ao país

Recentemente, o Congresso aprovou o projeto de lei que introduz modificações no marco regulatório do setor petrolífero no país. Segundo as novas regras, haverá um regime duplo para a exploração de petróleo no país. Nas á

Folha de S. Paulo
15/12/2010 10:18
Visualizações: 775 (0) (0) (0) (0)
Recentemente, o Congresso aprovou o projeto de lei que introduz modificações no marco regulatório do setor petrolífero no país. Segundo as novas regras, haverá um regime duplo para a exploração de petróleo no país. Nas áreas do pré-sal, ou naquelas definidas pelo governo como estratégicas, vigorará o novo regime de partilha da produção, enquanto nas demais áreas permanecerá o regime vigente, que é o de concessão.
 
 
 
O novo regime deve introduzir mudanças profundas no setor e, dado seu peso na economia, sérias implicações para o país.
 
 
Apesar disso, o debate no Congresso e a cobertura da mídia se concentraram em torno da distribuição dos recursos arrecadados com a exploração do pré-sal entre os entes da Federação.
 
 
Há uma clara inversão de valores em prejuízo do conjunto da sociedade. A divisão das rendas do pré-sal deveria estar subordinada à questão da melhor forma de se empregar os recursos em favor da melhoria sustentada das condições de vida da população.
 
 
Os recursos do petróleo são finitos e, se forem mal empregados, podem não produzir mudanças estruturais duradouras na sociedade brasileira.
 
 
Os impactos do novo marco regulatório do setor de petróleo não estão restritos à utilização e à distribuição das riquezas do petróleo.
 
 
Sob o argumento de que, com a descoberta do pré-sal a parcela dos recursos a ser apropriada pelo Estado deveria ser ampliada -diagnóstico acertado, a nosso ver-, o marco regulatório aprovado pelo Congresso (e que espera sanção presidencial) introduziu ainda uma série de mudanças que devem representar grandes retrocessos institucionais.
 
 
Em linhas gerais, as novas regras ampliam significativamente o grau de ingerência estatal no setor -inclusive no nível operacional da exploração do petróleo- e cria privilégios para a Petrobras e para os fornecedores nacionais, ampliando a margem para a prática de favorecimentos, uso político do aparato petroleiro nacional e ineficiências econômicas.
 
 
O mais grave, contudo, é o fato de que as novas regras conferem grande discricionariedade e tornam o setor dependente das orientações e condutas dos governantes em exercício.
 
 
As regras aprovadas pelo Congresso deixam no ar uma sensação de déjà-vu.
 
 
Não é necessário retroceder muito no tempo para encontrar exemplos negativos para o processo de desenvolvimento do país deixados pelo modelo calcado no Estado intervencionista.
 
 
Resta indagar quais serão os custos da adoção desse marco em um país caracterizado por um histórico de favorecimentos, captura do Estado pelo setor privado e por instituições fracas, ainda em consolidação.
 
 
Sem dúvida, um retrocesso que será maquiado pelas riquezas do pré-sal, mas deixará um legado negativo para as gerações futuras.
 
 
WALTER DE VITTO é mestre em economia e analista do setor de energia da Tendências Consultoria Integrada.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
IBP
Devedor Contumaz: Aprovação no Senado representa avanço ...
04/09/25
Etanol
Nordeste mostra protagonismo em inovação tecnológica na ...
04/09/25
Reconhecimento
Supergasbras conquista Selo Ouro no Programa Brasileiro ...
03/09/25
Minas Gerais
Com investimento de R$ 314 milhões, centro pioneiro em p...
03/09/25
Copel
Presidente da EPE apresenta visão de futuro do setor elé...
03/09/25
Firjan
Indústria brasileira acumula quatro meses sem cresciment...
03/09/25
Firjan
Junto com a CNI, Firjan inicia missão empresarial nos EU...
03/09/25
Seminário
PPSA destaca potencial de upsides nas áreas que serão le...
02/09/25
Apoio Offshore
Posidonia incorpora PSV Posidonia Lion, sua primeira emb...
02/09/25
Brasil
ETANOL/CEPEA: Menor oferta sustenta preços em agosto pel...
02/09/25
Meio Ambiente
Brasol reduz emissões de GEEs em 72% e atinge marca de 7...
01/09/25
Combustível
Etanol anidro e hidratado registram alta na última seman...
01/09/25
Reconhecimento
Pesquisadora do Mackenzie conquista Prêmio Inventor Petr...
29/08/25
Combustíveis
IBP e FIESP debatem descarbonização da indústria rumo à ...
29/08/25
Etanol
Asprovac, afiliada da ORPLANA, passa a ter representação...
29/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
29/08/25
Gás Natural
BRAVA anuncia novo modal para venda de gás na Bahia
28/08/25
Combustíveis
ANP participa da operação Carbono Oculto, para coibir ir...
28/08/25
IBP
Posicionamento - Operações representam passo fundamental...
28/08/25
Subsea
OneSubsea entrega primeira árvore de natal molhada de Bú...
28/08/25
Offshore
MODEC firma parceria para desenvolver tecnologia inédita...
28/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23