Brasil

Planos de Dilma para a energia passam por Graças Foster, Gabrielli e Tolmasquim

Valor Econômico
22/09/2010 17:55
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O comando do setor de energia no governo da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, é aparentemente um dos quadros mais fáceis de serem montados já que essa é a "área de conforto" da ex-ministra de Minas e Energia e Casa Civil.
 
 
Ela tem intimidade com a Petrobras e todas as estatais do setor elétrico, onde nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva transitou com desenvoltura. Três nomes integram todas as listas de indicações para um eventual governo Dilma, sendo dois da Petrobras: Maria das Graças Foster, atual diretora de Gás e Energia e uma das pessoas mais próximas da candidata, e José Sergio Gabrielli, atual presidente da estatal, junto com Maurício Tolmasquim, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e hoje presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
 

Com relação aos três nomes não há dúvida que devem ter espaço garantido, só variam as apostas sobre os cargos. Graças Foster é um nome forte tanto para a presidência da Petrobras como para o Ministério de Minas e Energia (MME). Sobre Gabrielli, que é professor de economia da Universidade Federal da Bahia, as apostas são de que ele iria para um ministério de peso, como a Casa Civil ou Planejamento, ou mesmo continuar na Petrobras enquanto se prepararia para disputar a sucessão do governo da Bahia pós-Jaques Wagner. As previsões de que Gabrielli vai concorrer a um cargo público só esbarram em declarações do próprio executivo, que já admitiu sua inabilidade de pedir votos.
 

Tolmasquim, que conheceu Dilma nas reuniões do Instituto da Cidadania, em São Paulo, em 2002, mostrou-se um fiel escudeiro que ajudou a desenhar o novo modelo no setor elétrico e montou todo o planejamento de longo prazo do setor, que havia sido esfacelado no governo FHC. Do grupo, inicialmente integrado também pelos professores Luiz Pinguelli Rosa (UFRJ) e Ildo Sauer (USP), Tolmasquim foi o que mais se aproximou de Dilma.
 

O presidente da EPE atribui a proximidade à afinidade que surgiu na época em que o grupo discutia propostas para o novo modelo elétrico em um momento em que o setor vivia uma grande crise após o racionamento de 2001. Tolmasquim lembra que inicialmente existia uma convergência do grupo quanto às críticas, seguidas por profundas divergências quanto à forma de solucionar os problemas. Ele atribui sua aproximação inicial de Dilma à mútua discordância quanto à forma de promover mudanças que implicassem em intervencionismo e quebra de contratos. A construção do novo modelo ajudou Dilma Rousseff a ganhar a fama de grande administradora, como definiu uma vez o presidente Lula.
 

No setor de petróleo, que ganhou dimensões faraônicas depois do pré-sal e da capitalização da Petrobras, Dilma terá que indicar nomes para a nova estatal Pré-sal Petróleo S/A (PPSA), que ficou conhecida como Petro-sal durante a tramitação dos projetos que mudam o marco regulatório do setor. Para esse cargo, um dos nomes fortes é o de Guilherme Estrella, petista histórico que atualmente comanda a área de exploração e produção da Petrobras, diretoria mais poderosa da gigante estatal. Magda Chambriard, atual diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) também não pode ser descartada, em detrimento do atual diretor geral da agência reguladora, Haroldo Lima, que não tem a simpatia de Dilma segundo diferentes fontes próximas da candidata.
 

A saída de Estrella da Petrobras abriria espaço para o PMDB indicar Paulo Roberto Costa, atual diretor de Abastecimento, para seu lugar.
 

"Já Graças Foster pode ir para onde quiser em um governo Dilma, incluindo a presidência da Petrobras", prevê uma fonte próxima da candidata. Outro conhecedor das intenções da ministra vê espaço para Graça até no MME. "Assim como o presidente Lula, acho que Dilma não vai abrir mão de ter alguém de sua estrita confiança nas Minas e Energia", pondera o interlocutor.
 

Tolmasquim foi indicado, extra-oficialmente, como interlocutor da candidata para as associações de classe que queriam apresentar propostas de adaptações do modelo de energia no próximo governo. Alguns interlocutores acham que ele tem lugar garantido onde quiser. Mas ele se mostra modesto e muito confortável com sua posição na EPE.
 

Mesmo sendo a área com mais nomes qualificados entre os quadros do PT, existem dúvidas quanto à influência do PMDB do vice Michel Temer nas indicações para os alguns dos cobiçadíssimos cargos do setor.
 

Nos dois governos Lula o PT e o PMDB fizeram um pacto sobre a área de influência do MME, lembra um experiente executivo em Brasília. O PMDB operou o programa 'Luz para Todos' e a estatal Furnas, controlada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enquanto o PT ficou com as grandes obras estratégicas, das quais as usinas hidrelétricas do rio Madeira e Belo Monte são os melhores exemplos. Existem algumas dúvidas sobre a continuidade desse arranjo que uma fonte com grande trânsito junto a Dilma acha que não será mudado.
 

O PT tem pessoas de confiança estrita da Dilma em todas as empresas do setor, exceto Furnas Centrais Elétricas, que está sob controle do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A Eletrobrás é presidida por José Antonio Muniz Lopes mas o poder é dividido com Valter Cardeal, que é diretor de engenharia. Na Eletronorte o homem de confiança é Adhemar Palocci. O mesmo acontece na Chesf, na Eletrosul e nas empresas operacionais como o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde estão hoje Hermes Chipp e Antônio Carlos Machado.
 

A própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é hoje dirigida por Nelson Hubner, um dos nomes da estrita confiança da candidata. Assim como Tolmasquim na EPE, Hubner participou da equipe de transição do primeiro governo do presidente Lula, e foi chefe de gabinete de Dilma, ministro interino de Minas e Energia, onde participou das discussões para desenho do modelo elétrico. Mas seu mandato na Aneel só vence em 2013 e ele não deve mudar de lugar até lá, avaliam fontes ouvidas.
 

"O PT e os partidos da base aliada construíram um pacto muito interessante para dividir espaços nas estatal. Existe uma visão estratégica de escolher os grandes campeões nacionais, a visão pragmática da operação e a construção de alianças em que os partidos dividiram cargos nas empresas de acordo com o segmento dos negócios, enquanto o PT controla a Petrobras", observa um experiente interlocutor do governo.
 

Saber se Dilma vai ou não ceder espaço tão valioso no governo ainda é tarefa para cartomantes. O ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão não nega seus planos de retomar seu posto no MME se vencer as eleições para o Senado. O cargo também interessa ao petista Delcídio Amaral, que disputa sua reeleição no Senado pelo Mato Grosso do Sul. A própria Petrobras é área de influência direta do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
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