Investimentos

Saint-Gobain aposta em vagões e navios

<P>A Saint-Gobain Abrasivos, fundada há seis anos após a fusão de três empresas compradas pelo grupo desde 1990, está apostando no crescimento dos setores naval e ferroviário para conseguir ampliar suas vendas em um momento de estagnação no mercado, que caiu 3 a 5% este ano.<BR><BR>No Brasil...

Valor Econômico
16/10/2006 00:00
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A Saint-Gobain Abrasivos, fundada há seis anos após a fusão de três empresas compradas pelo grupo desde 1990, está apostando no crescimento dos setores naval e ferroviário para conseguir ampliar suas vendas em um momento de estagnação no mercado, que caiu 3 a 5% este ano.

No Brasil, os principais consumidores de abrasivos - indústria de madeiras, móveis, curtumes, autopeças e automotiva - estão vivenciando perdas devido à queda da rentabilidade das exportações. O setor de construção, que também utiliza grandes volumes do material, ainda cresce timidamente. Na exportação, a companhia está sofrendo o mesmo problema de seus clientes devido à valorização do real. A empresa embarca diretamente para clientes na América do Sul e atende pedidos de unidades da Saint-Gobain no mundo.

Diante deste cenário, a empresa está destinando a maior parte dos seus investimentos de R$ 15 milhões este ano para a unidade de Caieiras (SP), onde produz discos de corte e desbaste, usados na fabricação de vagões e na indústria naval. Os produtos também são usados no setor de construção e fundição. A produção terá um aumento de 18% a 20% após a chegada de novos equipamentos no ano que vem, encomendados na Itália.

Mais 50 funcionários serão contratados para a unidade até o final do ano. Segundo o diretor comercial de abrasivos para América do Sul, Alexandre Brito dos Santos, as vendas para o segmento naval, puxadas pelos investimentos da Petrobras em plataformas e navios, cresceram 30% este ano. Para a indústria ferroviária o incremento foi de 10%.

Neste setor, investimentos da Vale do Rio Doce para transporte de minério de ferro foram o maior responsável pelo aumento. Além da produção de vagões, que utiliza discos de corte, o setor ferroviário consome rebolos que são colocados no lugar das rodas das locomotivas para fazer a manutenção dos trilhos, que se deformam com o tempo. No ano que vem, quando serão investidos cerca de R$ 17 milhões, a unidade também vai receber a maior parte do aporte.

A fábrica de Pernambuco, que produz lixas padronizadas, receberá parte do investimento para aumento de capacidade produtiva. Desde o final de 2004, quando o grupo fechou uma fábrica de lixas na Inglaterra, a unidade de Pernambuco ficou responsável pela exportação do produto para unidades da empresa na Europa, Estados Unidos, Grécia e Índia.

Segundo o vice-presidente da empresa para América do Sul e Central, Aleixo Raia Faici, esta fábrica começou a receber investimentos há cinco anos, mas eles foram intensificados a partir da decisão da matriz. Neste período ela quase duplicou sua capacidade de produção. No entanto, a queda do dólar derrubou a rentabilidade deste negócio. Não estamos ganhando dinheiro com isso por enquanto, diz o executivo. Por esta razão os aportes nesta fábrica serão reduzidos a partir de 2007.

Outra unidade que se beneficiará de investimento este ano e no próximo é a de Vinhedo (SP), que produz rebolos industriais. Neste caso será voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias. O lançamento de novos produtos é uma forma de ganhar participação em um mercado tão competitivo, diz.

Segundo ele, existem quase cem concorrentes no país, sendo que a maioria é focada em um tipo de abrasivo. A concorrência dos importados da Europa, que já abocanharam 10% a 12% do mercado, também leva a empresa a buscar novas tecnologias. Hoje, 20 a 25% das vendas da Saint-Gobain Abrasivos no Brasil envolvem produtos lançados há menos de cinco anos, afirma.

Faici explica que a estratégia é importante para a sobrevivência da empresa porque o consumo de abrasivos no mundo está caindo, especialmente nos países desenvolvidos. O motivo é o avanço tecnológico dos abrasivos e das indústrias consumidoras, que dispensam a abrasão em muitos processos onde ela era indispensável há alguns anos. A durabilidade das lixas também cresceu exponencialmente. O investimento anual do grupo no desenvolvimento de novos produtos é de 1,5% do seu faturamento anual de 1,5 bilhão de euros.

A entrada da Saint-Gobain, tradicional fabricante de vidros, no mercado de abrasivos, ocorreu em 1990, quando adquiriu a americana Norton. Seis anos depois, comprou a Carborundum, também americana. No Brasil, a última aquisição foi a alemã Winter. Desde 1990, foram trinta aquisições de empresas de abrasivos em todo o mundo. Com sede em Guarulhos (SP), a empresa tem hoje oito fábricas no Brasil, cada uma especializada em um tipo de produto.

Fonte: Valor Econômico (Natalia Gómez)

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